20/03/2015

Tertúlia sobre Artur Gonçalves - Intervenção de António Ribeiro

Ex.ma Senhora Vereadora da Cultura; Ex.mo Senhor Diretor do Agrupamento; Ex.mos Senhores e Senhoras e caros colegas.
A tertúlia é na sua essência uma reunião de amigos para discutir temas e assuntos diversos. E o que se pretende com esta reunião de amigos e colegas é homenagear Artur Gonçalves. Esta ideia foi, em boa hora, sugerida pelo Diretor do Agrupamento que tem Artur Gonçalves como patrono e, na minha opinião, não encontro forma mais adequada de prestar um reconhecimento a Artur Gonçalves que reunir um grupo pessoas para refletir sobre os méritos do seu trabalho.
Tenho a certeza que pelo elevado nível intelectual dos nossos convidados, que muito nos distinguem com a sua presença, esta conversa entre amigos vai ser extremamente interessante e frutuosa.
A obra de Artur Gonçalves é fundamental para a construção da memória histórica da comunidade torrejana. Entendendo-se este conceito de memória como o que fica do passado na vivência dos grupos humanos.
Infelizmente vivemos um quotidiano em que somos confrontados, através da comunicação social, com atos de damnatio memoriae, como são exemplo as ações do Estado Islâmico que ocupa a Mesopotâmia. Testemunhos das civilizações assírias, como a Suméria, precisamente a região onde nasceu a História, estão a ser alvo de uma fúria destruidora incompreensível que radica na intolerância religiosa.
Em sentido oposto, temos homens e mulheres que consagraram e consagram as suas vidas à conservação e divulgação dessa memória histórica que une e identifica uma comunidade.
Parece-me que se pode filiar a obra de Artur Gonçalves na melhor tradição de uma escola positivista que procura garantir a autenticidade do documento e a veracidade do facto. No caso português, julgo ser evidente para quem se dedica à investigação historiográfica, existe um défice nesta área.
Um historiador que também se empenhou no estudo e divulgação da história desta região, Júlio César de Sousa e Costa, em artigo datado de 1940 no jornal O Moitense, referia-se a Artur Gonçalves, a quem designa de investigador erudito, como tendo estado na origem do cumprimento de uma portaria de D. Maria II de 1847 que determinava que se fizessem os anais dos municípios. E vou citar a sua conclusão: “Posso dizer, sem receio de ser desmentido, que [Torres Novas] é a única Câmara Municipal do Distrito de Santarém que possui a história do seu burgo e das suas freguesias pelo que devem ser dadas aos diferentes Presidentes que intervieram na sua publicação as mais inequívocas e calorosas felicitações e uma saudade à memória do seu compilador que bem mereceu da sua terra adotiva”.
Mas neste ponto o município torrejano tem sido afortunado porque a obra de Artur Gonçalves tem sido brilhantemente continuada por ilustres torrejanos. É o caso do Senhor Joaquim Rodrigues Bicho que tem produzido uma extensa obra publicada em livros e artigos que aprofundam e atualizam as pesquisas historiográficas de Artur Gonçalves. O professor António Mário Lopes dos Santos que tem publicado o resultado das suas interessantes investigações nas áreas da História Económica e Social do nosso concelho e região. A Dr.ª Ana Marques que tem estado associada a uma equipa responsável pela interessante dinamização cultural do Museu Municipal Carlos Reis, provando que os museus podem ser centros dinâmicos de cultura para a comunidade e não um depósito da memória. O nosso colega Vítor Antunes, professor de Filosofia que tem dedicado muito do seu tempo à recolha de documentação relativa à história de Torres Novas.
Vou passar a palavra aos nossos convidados, a quem, em nome do nosso agrupamento agradeço afetuosamente a participação nesta atividade, para que depois, dentro do espírito de tertúlia, a conversa se possa alargar a todos os presentes.

Tertúlia de Artur Gonçalves com
Joaquim Bicho, Ana Marques, António Ribeiro, António Mário e Vítor Antunes
Escola Artur Gonçalves - Torres Novas.

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