12/03/2015

Estado compra "raríssima" pintura dos primitivos portugueses

O Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), em Lisboa, continua a ver crescer a sua colecção. Depois de no final do ano passado, a Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) ter comprado uma pintura de Vieira Portuense para o museu, comprou agora um "raríssimo" tríptico a óleo sobre madeira atribuído ao Mestre de Santa Clara e datado do século XV. A compra aconteceu num leilão disputado no Palácio do Correio Velho, em Lisboa, com a obra a ser arrematada por 30 mil euros.
A obra que integrou o leilão de Antiguidades, Arte Moderna e Contemporânea, foi levada à praça por cinco mil euros mas acabou vendida muito acima do esperado – a estimativa mais alta apontava para os dez mil euros. O preço final fixou-se nos 30 mil euros, depois de uma disputa entre vários interessados.
É uma "raríssima" pintura, reconhece já esta quinta-feira de manhã Joaquim Caetano, conservador de pintura do Museu de Arte Antiga. "Não me lembro de no último quarto de século ter estado à venda uma pintura desta importância histórica". acrescenta. "Quase toda a nossa pintura entre os Painéis de São Vicente, a oficina de Nuno Gonçalves, e o ciclo manuelino de pintura, marcado por uma influência flamenga muito grande, desapareceu. Há um grande hiato de conhecimento", ou seja, "saber o que depois do ciclo dos painéis aconteceu à pintura até ao outro brilhante ciclo de pintura do tempo do rei D. Manuel". Terão sobrevivido menos de três dezenas de pinturas.
Na quarta-feira à noite, foi logo revelado que a peça vai para o Museu de Arte Antiga, que ainda em 2010 dedicou uma grande exposição aos primitivos portugueses, cujo nome maior é Nuno Gonçalves, autor dos Painéis de São Vicente, que podem ser vistos exactamente no MNAA.
É então muito raro uma obra de um pintor primitivo português aparecer em leilão, o que torna a venda desta quarta-feira um caso ímpar. A leiloeira recorreu ao professor e historiador de arte Vítor Serrão para entender a origem da peça. Segundo Serrão, lê-se no catálogo, esta obra estava dada por perdida pelo historiador de arte Reynaldo dos Santos. “O mestre conhecido como Mestre de Santa Clara é o autor do políptico de Santa Clara-a-Velha de Coimbra, de cerca de 1486, hoje no Museu Machado de Castro”, continua a descrição, colocando o autor de Nossa Senhora com o Menino Jesus e dois anjos próximo do pintor régio de D. João II, o Mestre Vicente Gil.
Mestre de Santa Clara
 Nossa Senhora com o Menino Jesus e dois anjos, atribuído ao Mestre de Santa Clara, foi levada à praça .

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