27/04/2021

Apresentação Percursos da História - Esquema

 Apresentação Percursos de História 10.º ano - Esquema





Apresentação dos Percursos da História 10.º ano

 Percursos da História 10.º ano - Ano letivo 2021/2022

Texto de autor com extensão necessária e adequada e linguagem rigorosa

Texto atualizado de acordo com as mais recentes investigações da historiografia

Visão problematizadora da História

Utilização de abundantes, diversificados e originais suportes documentais

Articulação vertical e horizontal

Atividades no âmbito da Cidadania e Desenvolvimento

Atividades de exploração para todos os documentos

Resumos e esquemas-síntese muito originais no final de cada domínio

Itens com identificação de cada domínio (CA - capacidades; CO - conhecimentos; HB - híbridas)









26/04/2021

Percursos da História 10.º ano

Este projeto editorial procura explorar novos Percursos da História, evitando repetir algumas interpretações historiográficas que se cristalizaram nos manuais escolares, para dar lugar a uma síntese de novas investigações que iluminam, de ângulos diferentes, aspetos significativos da evolução das sociedades humanas ao longo do tempo.

O texto problematizante interage com uma seleção original de documentos, pretendendo valorizar o conhecimento histórico que resulta de uma confrontação de fontes e de hipóteses e, desta forma, estimular o espírito crítico dos alunos do ensino secundário.

Os documentos surgem em plena paridade com o texto dos autores e constituem um elemento central para o desenvolvimento das competências previstas no perfil do aluno no final do 12.º ano. Ao longo das páginas do manual diversificadas propostas de atividades vão motivar e envolver os alunos na construção das suas aprendizagens.

Nos dossiers foram desenvolvidas temáticas que respondem aos atuais desafios das nossas escolas, apresentando atividades planificadas de articulação horizontal do currículo e de desenvolvimento de temas previstos na educação para a cidadania.

Um projeto construído de acordo com as Aprendizagens Essenciais e que constitui um recurso coerente no desenvolvimento do trabalho para os/as alunos e alunas e professores e professoras.

Que os bons ventos nos acompanhem e dirijam por estes Percursos da História.

24/04/2021

Córdova por volta do ano mil

O líder político e militar Almançor desperta uma guerra santa que estivera adormecida durante mais de meio século, para se legitimar no poder e fazer esquecer que é um usurpador. Para que não existam dúvidas do seu fervor religioso, demonstra publicamente uma piedade irrepreensível. Recopia com o seu punho um Corão que costuma levar consigo em campanha. Ignora-se se o decora para fazer jus ao título de «hâfiz» (bela memória). Aparece também, vestido de luto, a participar numa oração implorando por chuva. Ordena, em 988, a ampliação da Grande Mesquita de Córdova. Das obras são incumbidos os prisioneiros cristãos, que erguem oito novas naves laterais. Com a sua floresta de mil colunas, em mármore, jaspe e pórfiro, os seus 19 portais, o pátio das abluções e os seus 200 castiçais, com o seu «mirhab», o tabernáculo revestido de ouro e mosaicos trabalhados à maneira de Bizâncio, o púlpito constituído por 37 pequenos painéis em marfim e madeiras preciosas, a mesquita é, então, o mais belo templo muçulmano do mundo.

Para cristãos e judeus, al-Andaluz continua a ser a terra de tolerância que sempre foi, e isto numa época em que nenhum muçulmano pode estavelmente fixar-se na Ibéria católica. À chegada, os conquistadores haviam encontrado uma Espanha na maior parte pagã, onde o cristianismo ainda não ganhara raízes fortes, e os judeus sofriam as perseguições dos visigodos. Todos acolheram bem os recém-chegados - servindo-lhes, nalguns casos, de batedores até Toledo -, que não tinham intenção de os forçar a converter-se. A maioria dos hispânicos adotará o islão; os cristãos não convertidos aceitarão os costumes e a língua árabes. Apesar de ser praticamente impossível construir novas igrejas, e de a apostasia ser punida com a pena de morte, cristãos e judeus gozam de total liberdade de culto, mediante o cumprimento de certas obrigações e o pagamento de impostos especiais associados ao estatuto de «dhimmis» (contribuintes).

No coração do país mais urbanizado da Europa, a Córdova de Almançor alberga perto de 200 mil habitantes, tantos quantos o Cairo e dez vezes mais que os de Paris. Em população, só Bagdad e Constantinopla a precedem. São às centenas as escolas e colégios, onde se aplica a palavra do Profeta: «A tinta do aluno é mais sagrada do que o sangue do mártir.» É capital do conhecimento, colmeia de eruditos, juristas, médicos, sábios e poetas, «tão numerosos», diz um cronista, «como as areias do oceano». Em campanha, Almançor chega a fazer-se acompanhar por 40 poetas de corte. O seu reinado preserva o esplendor cultural de al-Andaluz, que atingirá o apogeu, após a abolição do califado, nos 26 pequenos Estados nascidos da sua pulverização. Assiste-se ao progresso da ciência «árabe», que durante muito tempo terá um papel de vanguarda em relação a todas as outras. Uma ciência importada primeiro do Oriente, sobre um fundo de cultura helenística e latina, e se torna depois autóctone em todos os domínios: álgebra, astronomia, biologia, botânica, zoologia, música. A Andaluzia adota o sistema de numeração indiano, com uma base 10, antepassado do nosso e cuja peça mestra é o zero. A partir de agora, os sábios árabes passarão a preocupar-se menos em explicar a natureza do que em agir sobre ela. Esta conversão estimula os talentos e as invenções. O melhor cirurgião muçulmano, Abulcasis, vive então em Córdova. Lá se constrói um «planetário»; fabricam-se astrolábios, relógios, quadrantes; utilizam-se as tábuas de astronomia indianas; abrem-se parques zoológicos e jardins botânicos; apuram-se farmacopeias. No tempo de Almançor, a cultura de al-Andaluz irradia até aos Pirenéus, e para lá deles. Nos mosteiros catalães onde estuda, o jovem Gerbert d'Aurillac, o futuro papa Silvestre II, absorve, maravilhado, o saber vindo de Córdova. Sem sequer imaginar que a Espanha muçulmana ali introduziu tantas outras técnicas e produtos que a Europa cristã irá descobrindo aos poucos, do bicho-da-seda ao papel, passando pelo arroz, o açúcar, o algodão, os limões ou os espargos. Esta sociedade consente o epicurismo. Um poeta, grande apaixonado pela vida, escreve então: «Atravesso o círculo dos prazeres como um corcel em fúria que toma o freio nos dentes.» Para retocar o seu perfil de califa, Almançor afasta-se do Alcazar. Abd al-Rahman III tinha mandado construir para si uma cidade-palácio, "Madinat al-Zahra", a oeste da capital, no sopé da "Montanha da Desposada", que domina a planície de Córdova. O "hadjib" imita-o. É ou não verdade que tem tudo a recear dos humores de uma plebe obstinadamente fiel aos omíadas? Escolhe uma curva do Guadalquivir, a leste de Córdova, para aí instalar uma nova cidadela, que batiza quase como a precedente, "al-Madina al-Zahira" (a cidade que brilha). Manda que o seu nome figure nas orações, nas moedas e, bordado a fio de ouro, nas roupas de cerimónia. As duas cidades serão postas a saque quando da guerra civil de 1009-1010, que instaura o caos. Da primeira ficaram ruínas sumptuosas; da segunda não se encontram sequer vestígios.

Estas precauções não chegam. Para neutralizar a velha aristocracia militar árabe e meter na ordem os esclavónios, Almançor "berberiza" e reforma o exército. A África do Norte, à qual Córdova estende pouco a pouco o seu protetorado, fornece-lhe um viveiro quase inesgotável de mercenários berberes que atravessam o mar em clãs inteiros, e em breve constituirão o grosso do exército omíada. São tratados com desvelo, magnificamente equipados, armados dos pés à cabeça. Usando uma política de mistura das unidades militares, que fará frequentemente escola longe da Andaluzia, quebra as amarras familiares e tribais onde a nobreza de sangue ia muitas vezes buscar a clientela e extrair a força. Sob o comando de Almançor, o exército cordovês chega aos 60 mil homens, um número enorme para o tempo. Para o financiar, vai ser necessário tributar os camponeses com novos impostos, o que dará azo ao protesto e acarretará, a prazo, a ruína da economia. A berberização do exército, agora menos fiel à dinastia dos omíadas, apressará a queda do califado. Almançor segura firmemente as rédeas do poder. Gerida com firmeza, competência e relativa justiça, a Espanha muçulmana possui a melhor administração do mundo ocidental. O seu chefe garantir-lhe-á duas décadas de tranquilidade aquém-fronteiras. Os criminosos e os conspiradores, mas também os importunos, são castigados sem clemência, envenenados, ou crucificados, atados a postes num embarcadouro do rio. Os espiões são eficazes, a polícia vigia as ruas e os mercados. Volta a ser possível caminhar por Córdova à noite sem grandes receios. A previdência preside ao aprovisionamento: em 991, reservas de trigo empilhadas em silos substituem de imediato as colheitas que uma invasão de gafanhotos destruiu. "Tenho mais cereal ao meu dispor do que o próprio José", gaba-se Almançor um dia. A moeda - moedas de ouro, prata ou cobre - é estável; o fisco, eficaz. O tesouro real acumula-se em quatro casas-fortes do palácio, às quais se recorre todos os meses, mas muito mais em junho, em vésperas das grandes expedições de Verão. Almançor prepara cuidadosamente cada nova campanha. Ao vale do rio, a jusante de Sevilha, onde o pasto abunda e vivem três mil éguas de criação e 300 garanhões, vão buscar-se os cavalos, que já estão à espera; na província de Múrcia, reúnem-se os 400 camelos para o transporte da carga pesada; e o exército, que em campanha depende das populações locais, não deixa Córdova sem antes se ter certificado do estado das colheitas.

À Espanha cristã não resta senão reforçar a defesa. As mais graves derrotas que Almançor lhe inflige ocorrem em San Vincente, Zamora, Rueda (981), Barcelona (985), cujo revés dos cristãos serve de pretexto ao rei dos francos, Hugo, o Capeto, para acelerar a sagração do filho Roberto, em Leão (988), no termo de uma batalha que um astrólogo lhe aconselhara ('Marcha contra essa cidade. Conseguirás apoderar-te dela!'), em Ávila (994) e a seguir, após Compostela (997), em Cervera, no Ano Mil. Chegada a velhice, Almançor é assaltado com mais frequência pela ideia da morte. Guarda com ele a mortalha que as filhas talharam de uma peça de linho. No pino do Verão de 1002, ao regressar de Castela, sente que o fim está próximo. Minado por crises de gota, recusa ser tratado. É transportado em liteira por negros, cujo andar é mais leve e flexível. No posto fronteiriço de Medinaceli, dita o seu testamento político ao filho, Abd al-Malik. Aconselha-o a deixar intocado o título de califa e a ilusão de autoridade que ele reflete. Ao ver o filho chorar, prediz, com aspereza, mas também com lucidez: "Eis uma boa de forma de pressagiar o fim próximo do império." Morre a 10 de agosto de 1002, quase a fazer 66 anos. É enterrado ali mesmo, sob uma austera pedra tumular com dois únicos versos gravados em sua glória. Antes, porém, recobrem-lhe a mortalha, conforme vontade expressa, com a poeira trazida agarrada à roupa no regresso das expedições e que guardava consigo, religiosamente, numa arca.

Córdova no ano mil

15/04/2021

Possível obra de Caravaggio impedida de ir a leilão em Espanha

O Estado espanhol bloqueou a venda de pinturas que iam a leilão em Madrid porque uma dessas obras, um óleo sobre tela de 111 x 86 centímetros intitulado A Coroação de Espinhos, atribuído ao círculo de José de Ribera, com o preço inicial de 1.500 euros pode ser uma obra de Caravaggio. José de Ribera era um seguidor do caravaggismo, esteve em Roma desde 1608 e em Nápoles desde 1616. 
Caso se prove a tese de que se trata de uma tela de Caravaggio, o preço poderá situar-se entre 100 e 150 milhões de euros. A atribuição a Caravaggio não se baseia apenas na experiência de um especialista, mas na interpretação de alguns documentos. Este seria o Ecce homo pintado para o Cardeal Massimi, sobre o qual o próprio Caravaggio escreve: «Eu, Michel Angelo Merisi da Caravaggio, me obrigo a comparecer perante o ilustre Massimo Massimi por ter sido pago por uma pintura de valor e grandeza como a que já fiz. Eu o fiz da coroação de cristo [...] 25 de junho de 1605 » (Arquivo da Família de Massimi, Roma). Os historiadores Bellori e Baldinucci relatam que no final do século XVII esta obra se encontrava em Espanha. Roberto Longhi identificará a obra com o Ecce homo da coleção Doria mantida no Palazzo Bianco de Génova. Para Sgarbi, a marca de Caravaggio pode ser vista no olhar brutal do homem à esquerda e na mão que segura a cortina vermelha da estola: esse motivo é, para este historiador da arte, a assinatura indiscutível de Caravaggio.
Nicola Spinosa, especialista na pintura napolitana do século XVII, discorda. Esta tela não é de Caravaggio. O facto de a figura em primeiro plano reproduzir o Ecce homo no Museu Prado indicia ser uma cópia. Na sua opinião esta pintura é de um «caravaggieso» de grande qualidade, mas não de Ribera.
Ecce homo, possível Caravaggio

Ecce homo, possível Caravaggio (pormenor)

02/04/2021

Vinte e duas múmias reais transferidas do Museu do Cairo para o Museu Nacional da Civilização Egípcia

Por ordem cronológica, dezoito reis e quatro rainhas, cada um na sua carruagem, abandonarão o museu onde estão há mais de um século, o Museu do Cairo, e mudar-se-ão para uma nova casa, o Museu Nacional da Civilização Egípcia. Trata-se de um enorme edifício moderno construído nos últimos anos no sul do Cairo, que deverá abrir as portas em meados de Abril de 2021. O faraó Seqenenre Taa (século XVI a.C.) da 17.ª dinastia abre o desfile, que é encerrado por Ramsés IX (século III a.C.) da 20.ª dinastia, e o evento será acompanhado por apresentações musicais transmitidas em direto na televisão. Descobertas perto de Luxor (sul) a partir de 1881, a maioria das 22 múmias não deixou o museu egípcio situado na praça Tahrir, no centro do Cairo, desde o início do século XX. Desde os anos 1950 que estavam expostas ao lado umas das outras numa pequena sala, sem explicações museográficas claras. As múmias serão transportadas num embrulho contendo azoto, em condições semelhantes às que têm nas caixas de exposição, e as carruagens estão equipadas com mecanismos de absorção de choques. No novo museu ficarão em caixas mais modernas para um melhor controlo da temperatura e humidade. Serão apresentados ao lado dos seus sarcófagos, numa decoração que lembra os túmulos subterrâneos, acompanhados de uma biografia e em alguns dos casos dos seus scans.

O Grande Museu Egípcio, próximo das pirâmides de Gizé, deve ser inaugurado ainda no ano de 2021 e vai receber as coleções faraónicas do museu do Cairo, incluindo o célebre tesouro do rei Tutankhamon (século XIV a.C.).

A múmia de Seqenenre Taa abrirá o desfile que obedece a uma ordem cronológica.

Um olhar sobre o património - semana cultural do Agrupamento de Escolas Artur Gonçalves - Torres Novas

 Notas da moderação da atividade - Um olhar sobre o património - 24/03/2021

Nesta reunião de amigos e colegas em espírito de tertúlia vamos lançar um olhar sobre as relações que se podem estabelecer entre o património e a escola, ou melhor, a forma como pode ser rentabilizado o património entendido numa definição larga que abrange património material, imaterial e natural e as aprendizagens dos alunos.

Tema extenso e atual que merece ser refletido e incorporado nas práticas letivas.

Leio uma frase que pode servir de mote para a nossa conversa: «Segundo uma lógica de sustentabilidade e na raiz mais profunda do étimo, património é isso mesmo: um bem que se transmite por herança para assegurar o futuro de quem vem e o bem nome de quem esteve».

Tenho a certeza que pelo elevado nível intelectual dos nossos convidados, que muito nos distinguem com a sua presença, esta conversa entre amigos vai ser extremamente interessante.

 Vou passar a palavra aos nossos convidados, a quem, em nome do nosso agrupamento agradeço afetuosamente a participação nesta atividade, para que depois, dentro do espírito de tertúlia, a conversa se possa alargar a todos os presentes.

https://www.youtube.com/watch?v=wvnZZMxs40I

António Ribeiro (24/03/2021)

António Ribeiro (24/03/2021)

António Ribeiro (24/03/2021)