05/12/2023

Descoberto um raro e importante tecto pintado do século XVI

No decorrer de trabalhos do metro, em Lisboa, num dos edifícios do velho quartel de bombeiros da Avenida D. Carlos I, foi retirado um tecto falso que permitiu descobrir um tecto de madeira pintada com mais de 450 anos, feito para o coro baixo do antigo Mosteiro de Nossa Senhora da Piedade da Esperança à Boavista, então uma das casas religiosas mais importantes do país.

22/06/2023

Relógio de sol do período romano em Conímbriga

 Os relógios de sol foram extremamente importantes na antiguidade, no período romano estes foram objetos fundamentais nas viagens, pois serviam para calcular o ritmo de andamento, assim como o tempo das paragens para descanso. 𝐓𝐞𝐫á 𝐬𝐢𝐝𝐨 𝐚𝐭𝐫𝐚𝐯é𝐬 𝐝𝐚 𝐜𝐨𝐧𝐪𝐮𝐢𝐬𝐭𝐚 𝐫𝐨𝐦𝐚𝐧𝐚 𝐪𝐮𝐞 𝐨 𝐫𝐞𝐥ó𝐠𝐢𝐨 𝐝𝐞 𝐬𝐨𝐥 𝐬𝐮𝐫𝐠𝐢𝐮 𝐞𝐦 𝐏𝐨𝐫𝐭𝐮𝐠𝐚𝐥, apesar dos exemplares encontrados deste período serem raros, 𝐟𝐨𝐢 𝐞𝐧𝐜𝐨𝐧𝐭𝐫𝐚𝐝𝐨 𝐮𝐦 𝐫𝐞𝐥ó𝐠𝐢𝐨 𝐝𝐨 𝐬𝐨𝐥 𝐟𝐞𝐢𝐭𝐨 𝐞𝐦 𝐛𝐚𝐫𝐫𝐨 𝐞𝐦 𝐂𝐨𝐧𝐢𝐦𝐛𝐫𝐢𝐠𝐚, supõe-se que este seja uma imitação de um relógio de sol, é um disco plano em argila com diâmetro 230*225mm esp.40mm, dividido ao meio por uma linha horizontal, sendo o espaço superior marcado por duas séries de quatro arcos separados por uma linha horizontal e o inferior preenchido por um quadrante solar onde estão representadas as horas e o solstício de inverno. Terá sido ainda no período romano que se percebeu a forma mais fiável de medir o tempo com este tipo de relógio. No século II d.C., nas cidades lusitanas, já era de uso comum a utilização deste relógio para regular a vida e o trabalho da comunidade. Entretanto após a queda do Império Romano o tempo social volta a ficar desorganizado.

É possível ver a imitação do relógio de sol encontrado em Conimbriga no Museu Monográfico de Conimbriga – Museu Nacional na primeira sala de exposições no expositor “Pesos e Medidas” - (cat.19.32).

13/07/2022

Relicário em cobre dourado da abadia normanda de Fécamp

Um relicário em cobre dourado, dito do Preciosíssimo Sangue por alegadamente conservar algumas gotas do sangue de Cristo, que fora roubado na madrugada do passado dia 2 de junho de 2022, reapareceu nos Países Baixos, à porta de Arthur Brand. Com cerca de trinta centímetros de altura, o relicário propriamente dito foi fabricado no século XIX, mas as ampolas metálicas que conserva terão sido descobertas no final do século XII. Ou redescobertas, posto que a tradição sustenta que era já em torno da relíquia do Preciosíssimo Sangue que foi construído no local, em meados do século VII, um primeiro santuário, depois devastado durante as incursões viquingues do século IX. Segundo o Evangelho de João, Nicodemos teria auxiliado José de Arimateia a preparar o corpo de Jesus para o enterro, e terá sido ele, de acordo com uma lenda gnóstica, a recolher as gotas de sangue de Cristo numa relíquia de que teria sido também o guardião original. Já o seu transporte por mar até à costa da Normandia ter-se-ia ficado a dever a um filho de Arimateia, Isaac.

Relicário da abadia normanda de Fécamp

13/06/2022

Estudos geofísicos detetam um novo templo romano em Conimbriga

 Estudos geofísicos detetaram aquilo que deverá ser um novo templo romano em ruínas enterrado no campus arqueológico de Conimbriga. As imagens digitais resultantes da aplicação de equipamentos como um magnetómetro e um georadar permitiram identificar um desenho digital no subsolo semelhante às ruínas de um outro templo que existe no local, descoberto há algumas décadas através de escavações. A revelação foi feita ontem pelo diretor do Museu Monográfico de Conimbriga, Vítor Dias, durante uma sessão comemorativa dos 60 anos do museu. Entre a assistência estavam os especialistas Jorge Alarcão e Adília Alarcão. Ambos se mostraram muito entusiasmados com a revelação, obtida através de trabalhos de campo com a utilização de instrumentos de última geração que detetam, com cruzamento de dados, todo o tipo de infraestruturas subterrâneas, designadamente estruturas arqueológicas, tubagens e condutas. Será uma das mais importantes descobertas de Conimbriga nas últimas décadas, com as imagens a mostrar que há também diversas estruturas muralhadas e condutas no terreno a escavar, que se estende por cerca de 18 hectares do planalto rodeado pela Muralha Augustana, onde só 1/3 do total foi escavado até agora, à procura do que resta da conquista pelos romanos, provavelmente em 136 antes de Cristo. Vítor Dias admite que até ao final da próxima semana deverão ser obtidos mais dados que, a confirmar as descobertas, serão essenciais para completar a candidatura que está a ser preparada a fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Mosaicos de Conímbriga

31/05/2022

Escavações na necrópole de Saqqara revelam sarcófagos com múmias e outros objetos da civilização egípcia

Uma exposição de arqueologia egípcia exibiu 250 sarcófagos pintados com múmias preservadas no interior, algumas com mais de 2500 anos. Foram encontrados nas escavações no Cemitério dos Animais Sagrados, na necrópole de Saqqara, Cairo. Os artefactos incluem 150 estátuas de bronze de antigas divindades e vasos utilizados ​​em rituais de Ísis, deusa da fertilidade na mitologia egípcia antiga, que datam de 500 a.C.. O destaque é uma estátua de bronze sem cabeça de Imhotep, o arquiteto-chefe do faraó Djoser, que governou o Egipto entre os anos de 2630 a.C. e 2611 a.C.. Dentro de um dos caixões, os arqueólogos descobriram um rolo de papiro que acreditam conter capítulos do Livro dos Mortos, uma coleção de orações, feitiços, magia, hinos e lendas do Antigo Egipto. As peças vão poder ser vistas numa exposição permanente no novo Grande Museu Egípcio, um projeto ainda em construção perto das Pirâmides de Gizé. Saqqara faz parte de uma extensa necrópole na antiga capital do Egipto, Memphis, cujas ruínas foram designadas Património Mundial da Unesco na década de 1970. As Pirâmides de Gizé e as pirâmides menores de Abu Sir, Dahshur e Abu Ruwaysh são os monumentos que fazem parte da necrópole.

Trabalhador limpa os sarcófagos em Saqqara

A coleção consiste em 250 caixões pintados de madeira com múmias
Os sarcófagos estão datados de c. de 500 a.C.

Foram descobertas 150 estátuas de bronze de divindades egípcias antigas e vasos utilizados em rituais

Figuras egípcias como Bastet, Anubis, Osiris, Amunmeen, Isis, Nefertum e Hathor

Descoberto manuscrito original do Padre António Vieira

 Clavis Prophetarum (A Chave dos Profetas), manuscrito original da autoria do Padre António Vieira  que se considerava perdido, foi encontrado em 2020 nos arquivos da biblioteca da Pontifícia Universidade Gregoriana em Roma. Sabia-se da existência da Clavis Prophetarum por via de várias cópias dispersas pelo mundo, e pelas referências à obra na correspondência de Vieira, mas desconhecia-se o paradeiro do manuscrito original há mais de trezentos anos. Uma anotação à margem do texto permitiu identificar o manuscrito como sendo o original, conclusão validada com exames laboratoriais ao tipo de papel, de tinta e de encadernação.

O manuscrito tem mais de 300 páginas e a edição desta obra é da responsabilidade dos investigadores Ana Travassos Valdez, especialista em História Moderna da Europa, e Arnaldo do Espírito Santo, que coordenou a edição crítica dos Sermões e do Livro III da Clavis Prophetarum. Deverá, ainda sem data anunciada, ser publicada numa edição crítica em português e inglês, em três volumes, correspondendo à divisão original feita pelo seu autor.

Trata-se de uma obra que pertence à série dos escritos proféticos e escatológicos de Vieira e era considerada pelo próprio jesuíta a sua obra mais importante. A Clavis Prophetarum poderá ser lida como uma superação de outros textos em que Vieira expusera a sua visão milenarista, como a carta Esperanças de Portugal, enviada ao também jesuíta André Fernandes em 1659, na qual o padre propõe a sua interpretação das trovas de Bandarra, vendo nelas o anúncio do Quinto Império, ou ainda a obra póstuma inacabada História do FuturoA Chave dos Profetas é, em suma, um tratado teológico-político, cujo argumento profético é a consumação futura do reino de Cristo na Terra.

Padre António Vieira (pintura a óleo da Casa de Cadaval)