03/08/2018

A esfericidade da Terra defendida pelos Gregos

Sabe-se que a Terra é redonda desde a antiguidade. Os gregos, não só reconheceram a forma esférica da Terra desde, pelo menos, o século III a.C., mas também fizeram várias estimativas do seu tamanho. A mais antiga referência que conhecemos é de Arquimedes (287 – 212 a.C.), segundo o qual o perímetro da Terra pode ser estimado através da distância entre dois lugares situados no mesmo meridiano e da respectiva diferença de latitudes. Mas a mais célebre determinação foi a realizada pelo geógrafo Eratóstenes (276-196 a.C.), que terá comparado a inclinação dos raios solares ao meio-dia, em dois lugares situados no mesmo meridiano para, juntamente com a distância entre eles, deduzir o valor do raio da Terra. O princípio do processo, muito simples, é idêntico ao de Arquimedes e a exactidão do resultado só depende da qualidade das observações. Se dois lugares situados no mesmo meridiano estão à distância d entre si e têm uma diferença de latitudes α, então o perímetro da Terra é a quantidade p = d x (360°/α) e o seu raio será R = p/(2 π). Eratóstenes estimou o raio da Terra em 5000 estádios, valor considerado pelos historiadores como uma excelente aproximação. No entanto, para se saber quão próximo estaria do valor correcto seria necessário conhecer a medida do estádio utilizado, matéria ainda hoje objecto de discussão. Passados cerca de 300 anos, Ptolomeu de Alexandria (90-168) escreveu o seu importante manual Geografia (150, traduzida para árabe no séc. IX e para latim em 1406), onde não só a Terra é apresentada como uma esfera, mas também se mostra como a representar no plano, através das coordenadas geográficas dos seus lugares e de três projecções cartográficas criadas por si. Na época de Ptolomeu, o mundo conhecido era composto por três continentes – a Europa, a África e a Ásia – que ocupavam, segundo a Geografia, cerca de um quarto da superfície terrestre. Tudo o resto era desconhecido dos ocidentais e objecto de especulação. No entanto, a importância prática da forma da Terra era nula e a única razão que levava académicos como Ptolomeu a ocuparem-se da matéria era pura curiosidade intelectual.
O mapa de Ptolomeu, reconstituído da sua obra Geografia (150), indicando as nações «Sérica» e «Sinas» (China) à direita, além da ilha Taprobana (Sri Lanca) e a "«Quersoneso Áureo» (península do Sueste Asiático). Este mapa usa a projeção cónica equidistante meridiana, inventada por Ptolomeu.

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