17/11/2015

O projecto Scan Pyramids - sondar as pirâmides do Egipto

O projecto Scan Pyramids mostra câmaras térmicas de infravermelhos a colorir as pirâmides de Gizé do amarelo ao magenta (fúcsia) – e a seguir, imagens daquelas majestosas construções de pedra filmadas por drones. Promete descobertas fundamentais graças à combinação “excepcional” das ciências exactas e da egiptologia.
O objectivo: conseguir responder à pergunta que todos fazemos desde a mais tenra infância: “O mistério das pirâmides vai ser resolvido?”
Este ambicioso projecto, lançado há semanas, recorre a um método não invasivo e não destrutivo, à base de câmaras de infravermelhos, para cartografar, sem causar um único arranhão, o coração das pirâmides de Gizé – esses monumentos com mais de quatro milénios de idade.
As câmaras também já serviram, em inícios de Novembro, para sondar o túmulo de Tutankamon, em Luxor, tentando confirmar a credibilidade da teoria do arqueólogo britânico Nicholas Reeves, que pensa que a lendária rainha Nefertiti está lá sepultada, numa câmara secreta. Recorde-se que, em Agosto deste ano, Reeves anunciou ter encontrado indícios de que Nefertiti teria sido secretamente sepultada junto de Tutankamon.
Ao sondarem as pirâmides, os cientistas esperam detectar “a presença de corredores e câmaras desconhecidos” – e até vestígios de rampas que permitiriam elucidar o enigma da sua construção.
O ministro egípcio das Antiguidades, Mahmoud el-Damati, revelou os primeiros resultados do projecto Scan Pyramids, lançado a 25 de Outubro sob a direcção do seu ministério. Uma equipa de cientistas egípcios, franceses, canadianos e japoneses já conseguiu observar anomalias térmicas “impressionantes” no flanco leste da pirâmide de Quéops, perto do chão, bem como outras, menos flagrantes, a meio da fachada.
Alguns dos enormes blocos de pedra apresentam de facto temperaturas que se afastam até seis graus Celsius da temperatura dos blocos adjacentes. Isso traduz-se, nas imagens de câmara térmica, pelo aparecimento de cores quentes, vermelhas e amarelas, enquanto o resto do monumento funerário adquire uma cor entre azul e magenta, uma assinatura térmica mais fria.
As deviações de temperatura detectadas assinalam a presença de cavidades – ou pelo menos, de correntes de ar – e abrem o caminho a uma multiplicidade de interpretações, que deverão ser estudadas até ao termo do projecto, em finais de 2016.
Para testar as câmaras de infravermelhos, a missão Scan Pyramids começou por realizar medições, em inícios de Novembro, no túmulo de Tutankamon. E de facto, as diferenças de temperatura aí registadas num dos muros abonam em favor da hipótese de Nicholas Reeves, pelo menos no que respeita à existência de uma câmara secreta. Se para Reeves se trata da câmara de Nefertiti, para el-Damati poderá ser o de outra rainha. As análises prosseguem, mas o ministro afirma desde já estar à espera da “descoberta do século XXI” para a egiptologia. Nefertiti, a rainha cuja beleza se tornou legendária, foi, há 3300 anos, a esposa principal de Akenaton, o pai de Tutankamon – o único faraó cuja sepultura foi encontrada intacta em 1922 (todas as outras foram pilhadas ao longo dos milénios). O túmulo de Tutankamon encerrava 5000 peças, em grande parte de ouro – um dos mais fabulosos tesouros jamais descobertos, que inclui a celebérrima máscara funerária em ouro maciço, incrustado de pedras preciosas, que enfeitam os manuais de história do mundo inteiro. O antigo Egipto guarda ainda mil e um segredos. Muitos egiptólogos concordam em dizer que o surgimento de novas tecnologias e o contributo de especialistas das ciências exactas poderão conduzir a novas descobertas. “Todos os engenheiros já sonharam com as pirâmides e o património egípcio representa um formidável terreno para a inovação e a imaginação fazerem progredir as várias disciplinas”, estima Mehdi Tayoubi, fundador do instituto francês Herança, Inovação Preservação (HIP), que coordena esta missão científica. Para o egiptólogo Achraf Mohie, o que se esconde por detrás da parede da pirâmide de Quéops não é o que mais interessa nesta fase das investigações, mas sim as próprias anomalias térmicas, que constituem, só por si, uma “descoberta inédita”.
pirâmides de Gizé
As pirâmides de Gizé a serem estudadas com térmicas de infravermelhos.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Comenta as notícias