12/05/2014

Prémios Europa Nostra

O trabalho de conservação dos frescos seiscentistas da Igreja de Dragomirna, no norte da Roménia, acumulou agora um dos seis Grandes Prémios Europa Nostra (na categoria Conservação) e também o Prémio do Público, votado através da Internet.
Numa cerimónia realizada no Burgtheater da capital austríaca, a comissária europeia para a Educação, Cultura, Multilinguismo e Juventude, a cipriota Androulla Vassiliou, e o tenor espanhol Plácido Domingo, presidente da Europa Nostra, fizeram a entrega das distinções deste ano.
Os seis grandes prémios foram para Espanha, Itália, Grécia, Bélgica e Hungria, além da Roménia. Neste país, foi duplamente distinguido o trabalho de recuperação dos frescos da igreja do Mosteiro de Dragomirna, no interior de uma estrutura quase fortificada a 15 quilómetros da cidade de Suceava, na região moldava da Bucovina. São pinturas que representam a vida de Cristo, além de santos e anjos, e que foram restauradas de uma forma que “impressionou” o júri da Europa Nostra pelo “alto nível de profissionalismo e pela sofisticação” do trabalho realizado – pode ler-se no comunicado da organização desta iniciativa lançada em 2002 pelo programa comunitário Cultura.
De Espanha – também na categoria Conservação –, foram distinguidas as cooperativas vinícolas da Catalunha, oito “catedrais do vinho” seculares, que no início do século XX foram recuperadas e adequadas aos tempos actuais através de projectos modernistas de arquitectos como César Martinelli (1888-1973), aluno de Gaudi, e Pere Domènech i Roura (1881-1962). “Um exemplo de boas práticas de uma parceria publico-privada”, assinala o júri.
De Itália, foi premiado o projecto de recuperação de quatro das Casas Walser (Conservação), exemplares de arquitectura vernacular em pedra e madeira em Alagna Valsesia, na região do Piemonte, edificadas entre os séculos XVI e XIX. O júri ficou “impressionado com a qualidade e o detalhe da documentação reunida sobre estas construções agrícolas “tão raras quanto soberbas”, e cujo restauro foi realizado com “mãos de mestre" e fazendo apelo "ao artesanato tradicional”.
O estudo do arquitecto Paolo Vitti sobre as técnicas de construção romanas na região do Peloponeso, na Grécia, valeram o prémio para este país, na categoria de Investigação. Trata-se de uma tradição instalada durante quatro centúrias, entre os séculos I a.C e III d.C, de construções abobadadas em tijolo, que documentam “a utilização precoce de uma metodologia arquitectónica" que viria a ser utilizada, mais tarde, nos períodos medievais e do Renascimento.
A Hungria viu-se premiada pelo projecto Passagem: Da cidade ferrugenta à Nova Miskolc (Educação, Formação e Sensibilização), um programa de protecção do património imobiliário do auge industrial das primeiras décadas do século XX nesta cidade no norte do país. O júri valorizou “o valor social do projecto”, que simultaneamente salvaguardou “a identidade local” e ajudou a encontrar novas utilizações e um novo dinamismo para o lugar.
Finalmente, na categoria Contribuição Exemplar, foi distinguida a associação belga Kempens Landschap, criada em 1997 na província de Antuérpia. Trata-se de uma instituição que gere 800 hectares de terra de grande valor histórico e patrimonial, simultaneamente natural e humano, que associa a defesa das populações mais desfavorecidas à da paisagem. "Um exemplo poderoso da aplicação da Convenção Europeia da Paisagem", diz o júri.
Na lista inicial dos 27 prémios gerais Europa Nostra houve dois projectos portugueses contemplados: a Rota Histórica das Linhas de Torres Vedras (também conhecido apenas como Linhas de Torres), conjunto de fortificações construídas na Guerra Peninsular, no início do século XIX (categoria Conservação); e o programa Encontros com o Património, produzido pela Direcção-Geral do Património Cultural e emitido pela TSF ( Educação, formação e sensibilização).
Igreja de Dragomirna
Fresco da Igreja de Dragomirna, na Roménia

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