Em 27 de novembro de 1520, três dos cinco navios sob o
comando de Fernão de Magalhães que tinham partido do porto de Sevilha em 10 de
agosto de 1519, em busca das especiarias das Índias, cruzam o estreito que
comunica o Atlântico com o Pacífico. Depois de 36 dias a navegar pelo
estreito, localizado no extremo sul do Chile, entre o que hoje conhecemos como Patagónia
e a Ilha Grande da Terra do Fogo, os navegadores dos navios Victoria,
Concepción e Trinidad estavam prestes a ser os primeiros a concretizar o sonho
de Cristóvão Colombo: chegar ao Oriente navegando para Ocidente.
Antonio
Pigafetta, o cronista da expedição e um dos 18 sobreviventes dos 250 homens que
embarcaram em Sevilha, escreveu no seu diário que ao grito de Mar aberto à
vista, os marinheiros e o capitão Magalhães “gritaram alegria". A empresa
encomendada pelo rei D. Carlos I para estabelecer uma rota de especiarias entre
Espanha e as Molucas, na Indonésia, para trazer para a Europa canela,
noz-moscada, pimenta do reino e, sobretudo, cravo, parecia estar cada vez mais
perto. A partir desse momento, a expedição navegou para o norte por mais de
três meses sem encontrar terreno sólido. A tripulação sofreu com a fome e doenças.
O pão transformou-se em pó cheio de fungos e vermes; a água era escassa, quente
e cheirava a podridão e ratos eram uma iguaria, que os aventureiros alternavam
com serragem de madeira e couro encharcado (Pigafetta).
Os
marinheiros que sobreviveram ao escorbuto e aos confrontos com as tribos
indígenas continuaram em alto mar, chegaram ao arquipélago de São Lázaro nas
Filipinas e de lá chegaram às Ilhas Molucas. Compraram 27.000 quilos de cravo e
iniciaram o regresso a casa. No total percorreram 14.460 léguas até que, em 6 de
setembro de 1522, desembarcaram em Sanlúcar de Barrameda (Cádiz), culminando
assim a primeira volta ao mundo.
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