25/12/2020

Em busca das especiarias do Oriente - 500 anos da primeira volta ao mundo

Em 27 de novembro de 1520, três dos cinco navios sob o comando de Fernão de Magalhães que tinham partido do porto de Sevilha em 10 de agosto de 1519, em busca das especiarias das Índias, cruzam o estreito que comunica o Atlântico com o Pacífico. Depois de 36 dias a navegar pelo estreito, localizado no extremo sul do Chile, entre o que hoje conhecemos como Patagónia e a Ilha Grande da Terra do Fogo, os navegadores dos navios Victoria, Concepción e Trinidad estavam prestes a ser os primeiros a concretizar o sonho de Cristóvão Colombo: chegar ao Oriente navegando para Ocidente.
Antonio Pigafetta, o cronista da expedição e um dos 18 sobreviventes dos 250 homens que embarcaram em Sevilha, escreveu no seu diário que ao grito de Mar aberto à vista, os marinheiros e o capitão Magalhães “gritaram alegria". A empresa encomendada pelo rei D. Carlos I para estabelecer uma rota de especiarias entre Espanha e as Molucas, na Indonésia, para trazer para a Europa canela, noz-moscada, pimenta do reino e, sobretudo, cravo, parecia estar cada vez mais perto. A partir desse momento, a expedição navegou para o norte por mais de três meses sem encontrar terreno sólido. A tripulação sofreu com a fome e doenças. O pão transformou-se em pó cheio de fungos e vermes; a água era escassa, quente e cheirava a podridão e ratos eram uma iguaria, que os aventureiros alternavam com serragem de madeira e couro encharcado (Pigafetta).
Os marinheiros que sobreviveram ao escorbuto e aos confrontos com as tribos indígenas continuaram em alto mar, chegaram ao arquipélago de São Lázaro nas Filipinas e de lá chegaram às Ilhas Molucas. Compraram 27.000 quilos de cravo e iniciaram o regresso a casa. No total percorreram 14.460 léguas até que, em 6 de setembro de 1522, desembarcaram em Sanlúcar de Barrameda (Cádiz), culminando assim a primeira volta ao mundo.
rota da viagem de Magalhães
Mapamundi com a rota da viagem de Magalhães (Biblioteca Nacional de Paris)
  

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