Tendo sido esta uma encomenda para um salão de baile, Columbano achou por bem representar diferentes cenas de baile com casais trajados à moda das diferentes épocas. Nos cinco painéis que vão agora à praça estão representados a Belle Époque, o período Império, a época de Luís XV e a época de Luís XIV. Há ainda uma pintura central e por isso ligeiramente maior do que as outras e que representa simplesmente um grupo de nove pessoas em festa. Este conjunto é descrito pormenorizadamente na obra de Fialho de Almeida, Os Gatos, onde o escritor falar da “mais ampla obra do artista e a mais superiormente executada de quantas até agora lhe saíram das mãos”. Estes painéis "fazem parte de um tipo de trabalho em que Columbano investiu e que valorizou muito”, nota Pedro Lapa, destacando também que foi nesta altura, ou seja, na década de 1890, que o pintor ganhou o reconhecimento nacional, “coisa que não tinha acontecido na década anterior”. “Estas pinturas têm um sentido declaradamente decorativo e este foi um trabalho que ocupou bastante o Columbano, que deixou uma ampla obra nesta área”, explica Lapa. No entanto, para o especialista a obra decorativa de Columbano “não é tão consistente quanto a sua obra de pintor retratista”.
“Mas estamos sempre a falar de um dos nomes maiores do século XIX português”, continua. “O Columbano é um pintor com uma estrutura e uma personalidade própria, inimitável, profundamente idiossincrático, e isso é sempre de valorizar. É sempre um trabalho curioso e isto é importante”, atesta Pedro Lapa, que gostava de ver estas obras “no espaço arquitectónico para o qual foram pensados”. “Idealmente eram boas até para um museu, o Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado (MNAC) devia ter meios para chegar à praça e fazer uma aquisição, era o que aconteceria com o Museu d’Orsay, em Paris, ou a Tate, em Londres”, defende Lapa. “Mas obviamente que os meios são muito escassos e, não existindo uma política exaustiva de aquisições, entendo que as prioridades sejam outras.” O MNAC tem já “uma colecção gigantesca de Columbano”, diz Pedro Lapa, e por isso a compra destes painéis “não será seguramente uma prioridade para o museu quando tem lacunas noutras áreas”. “Correctamente, isso devia ser feito para salvaguardar este sentido de arquivo que um museu também representa das obras dos artistas”, continua. “Mas tudo isto pressupunha uma situação articulada e uma política patrimonial para a Cultura que não existe”.
Cenas de baile (painel de um grupo e festa), 1891 |
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