Heinrich Himmler e Margarete Boden conheceram-se em 1927, ano em que Himmler fazia 27 anos — Margarete era sete anos mais velha. Em 1928 casaram-se. Quando se conheceram, Himmler já pertencia ao Partido Nazi desde 1923. Em 1933, quando se iniciou o III Reich de Adolf Hitler, Himmler era comandante das SS, a polícia política nazi, cargo que manteve até 1945, quando pediu a Hitler para se render. Acabou por se suicidar a 23 de Maio de 1945 em Luneburgo, na Alemanha, já depois de ter sido capturado pelas forças britânicas.
Quanto ao percurso das mais de 70 cartas, um diário, fotografias, livros de receitas e outras notas agora conhecidas, sabe-se menos. Segundo o semanário Welt am Sonntag — que neste domingo publicou o primeiro de oito longos artigos sobre Himmler e os novos documentos —, dois soldados norte-americanos encontraram o material em Maio de 1945 na casa do comandante nazi na Baviera. Décadas depois, no início dos anos de 1980, o material surgiu nas mãos de Chaim Rosenthal, um sobrevivente do Holocausto que vivia em Israel. Não se sabe como Rosenthal obteve este material. Mas a polémica que se instalou em 1983 devido à publicação de Os diários de Hitler pela revista alemã Stern e pelo jornal britânico The Sunday Times — mais tarde soube-se que os diários eram falsos — ofuscou os documentos de Himmler. Em 2007, o pai de Vanessa Lapa, uma cineasta israelita, comprou o material a Chaim Rosenthal, oferecendo-o depois à filha. A cineasta produziu com este espólio um documentário que vai ser estreado mundialmente na Berlinale, o festival de cinema de Berlim. Vanessa Lapa partilhou ainda o material com o jornal alemão Welt am Sonntag, que confirmou a autenticidade dos documentos, enviando-os para historiadores e especialistas alemães sobre o período nazi.
A pilha de documentos está escondida num cofre de um banco em Telavive. Mas o pouco que já se conhece do seu conteúdo ajuda a pintar o quadro de uma família anti-semita. “Todo estes negócios dos judeus, quando é que esta gente se vai embora para que nós possamos apreciar as nossas vidas?”, lê-se no diário de Margarete Himmler, citado pelo The Guardian, numa entrada em Novembro de 1938, um ano antes da guerra começar. “Minha pobre querida, que tem de discutir com aqueles miseráveis judeus por causa de dinheiro”, escreve o marido, a 28 de Abril de 1928, em plena República de Weimar, antes da Grande Depressão. “Odeio e irei sempre odiar o sistema de Berlim, que nunca te irá estrangular, a ti, mulher pura e virtuosa”, escreveu Himmler em Dezembro de 1927. “Berlim está contaminado. Toda a gente só fala de dinheiro”, escreveria a mulher, um ano mais tarde. Nos documentos, Margarete descreveu o marido como “um homem mau com um coração duro e rude”, mas que era “uma mulher de sorte por ter um bom homem tão mau que ama tanto a sua malvada mulher como ela o ama a ele”, volta a citar o The Guardian.
A pilha de documentos está escondida num cofre de um banco em Telavive. Mas o pouco que já se conhece do seu conteúdo ajuda a pintar o quadro de uma família anti-semita. “Todo estes negócios dos judeus, quando é que esta gente se vai embora para que nós possamos apreciar as nossas vidas?”, lê-se no diário de Margarete Himmler, citado pelo The Guardian, numa entrada em Novembro de 1938, um ano antes da guerra começar. “Minha pobre querida, que tem de discutir com aqueles miseráveis judeus por causa de dinheiro”, escreve o marido, a 28 de Abril de 1928, em plena República de Weimar, antes da Grande Depressão. “Odeio e irei sempre odiar o sistema de Berlim, que nunca te irá estrangular, a ti, mulher pura e virtuosa”, escreveu Himmler em Dezembro de 1927. “Berlim está contaminado. Toda a gente só fala de dinheiro”, escreveria a mulher, um ano mais tarde. Nos documentos, Margarete descreveu o marido como “um homem mau com um coração duro e rude”, mas que era “uma mulher de sorte por ter um bom homem tão mau que ama tanto a sua malvada mulher como ela o ama a ele”, volta a citar o The Guardian.
“Esta colecção é importante porque a questão de como o Holocausto foi humanamente possível continua no ar desde o final da guerra”, explica Haim Gertner à Associated Press. Gertner é director da Divisão de Arquivos da Yad Vashem, que contém uma das maiores colecções de documentos sobre o Holocausto. Apesar disso, para o especialista, nem os documentos privados de uma das figuras mais importantes na hierarquia do Partido Nazi ajudariam a compreender completamente aquele acontecimento. No entanto, para Haim Gardner estes documento privados ajudam a comparar dois lados de Himmler: “Alguém que vive em privado uma vida aparentemente normal, ao mesmo tempo que é o líder público de um assassinato em massa”.
Himmler, em primeiro plano, ao lado de Adolf Hitler |
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