Militares na I Guerra Mundial |
03/02/2014
A lição I Guerra Mundial (1914-1918)
Quando a Europa comemorou em 1994 os 80 anos da eclosão da Grande Guerra de 1914-18, fê-lo num estado de espírito muito particular — o da despedida do trágico século XX. Com o fim da União Soviética, encerrava-se uma era. A construção europeia acelerava-se e a UE preparava a integração do Leste, reunificando o Continente. Dominava a pax americana. Fukuyama publicava O Fim da História. Admitia-se uma “globalização feliz”. Apenas o regresso da palavra Sarajevo e a irrupção dos nacionalismos trazia alguma perturbação. Mas, sobretudo, tiravam-se as lições do “suicídio” de 1914 — um facto já muito distante. O espírito do tempo mudou. “Um espectro assombra o mundo: 1914” — escreve o historiador Harold James, professor em Princeton. “A aproximação do centenário da eclosão da I Guerra Mundial faz evocar o modo como a instabilidade produzida por mudanças na balança do poder num mundo integrado e globalizado pode produzir cataclismos.” Em Janeiro de 2013, Jean-Claude Juncker, então presidente do Eurogrupo e primeiro-ministro luxemburguês, convidou os jornalistas a anotarem os paralelos com 1913, “o último ano da paz na Europa”. Surgem estranhos títulos nos jornais e revistas europeus, americanos e asiáticos: “1914-2014, o mesmo combate?”; “Será 2014 uma repetição de 1914?”; “Tempo de pensar mais em Sarajevo e menos em Munique”; “A China não deve imitar os erros do Kaiser”; “Ouvindo os ecos de 1914 em 2014”; “1914 e hoje”; “É a China a Alemanha de hoje?”; ou (num jornal chinês) “Deixem de comparar a China com a Alemanha de 1914”. No 1º de Janeiro, o Financial Times fez de 1914 o tema do seu editorial: “Reflexões sobre a Grande Guerra — o mundo pode ainda tirar as lições da catástrofe de 1914.” O diário da City pensa que “o mundo de 2014 não está à beira de um tal desastre histórico”. Mas o centenário é uma oportunidade para estudar algumas lições: “É uma loucura ir para a guerra na crença de que será curta e com consequências controláveis. Em 1914, alguns políticos e generais europeus, cuja visão fora moldada pelas guerras que unificaram a Alemanha e a Itália no século anterior, incorreram nesta ilusão. O mesmo fizeram Washington e Londres quando invadiram o Iraque em 2003. Quão errados estavam estes chefes de guerra em ambas as ocasiões.” Por trás desta reflexão e destes títulos estão a tensão no Mar da China Oriental, os focos de conflito no Médio Oriente e também uma Europa “abalada pela crise e pela dúvida”.
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