A publicação deste livro vem contar-nos a saga de uma verdadeira dinastia de construtores lisboetas de cravos, pianofortes e pianos.
A construção de instrumentos de tecla foi sempre muito residual (5 ou 6 construtores por geração) e dependente da clientela de conventos e igrejas, de alguns teatros e fidalgos, as lojas e as oficinas não estavam agrupadas em rua própria, como as de outros misteres («geografia corporativa») e, por isso, a autora foi obrigada a percorrer com o dedo, folha a folha, de alto a baixo, uma massa quase infinita de século e meio de documentos paroquiais e fiscais disseminados por várias freguesias de Lisboa e arredores para dela fazer emergir três gerações de Antunes, sua genealogia, sucessivas residências e cinco oficinas.
Para mais, a ascensão e queda ou colapso absoluto desta nobre actividade percorre um período histórico particularmente fustigado por condições adversas: do grande terramoto de 1755 às invasões francesas, saída da corte para o Brasil e crise económica consequente; das lutas liberais à extinção das ordens religiosas; da pequena concorrência dos construtores estrangeiros instalados no nosso país aos privilégios fiscais de fabricantes sobre artesãos; até à importação de instrumentos de tecla franceses, austríacos e italianos — como «pianos de diversas marcas e proveniências, produzidos em grande quantidade e a preços competitivos […] golpe de misericórdia nos construtores nacionais» (por casas especializadas, como Sassetti & C.ª, fornecedora exclusiva do Conservatório Real de Lisboa em 1858, ou da Casa Real).
Em 1860, o neto do fundador desta dinastia, João Baptista Antunes II — que foi afinou pianos no Conservatório por recomendação do celebrado compositor João Domingos Bontempo encontrava-se «completamente espoliado» e penhorado, «não tendo cama em que se deitasse» (acto de arrecadação, citado nas pp. 70-71), muito embora, em 24 anos de fábrica, tivesse construído 15 pianos e um número indeterminado de cravos.
A deriva dos Antunes é também ela uma crónica da vida urbana desses tempos, em que familiares se acolhem solidariamente, mudam amiúde de casa mas quase sempre no mesmo bairro e freguesia ou até na mesma rua, ou exercem actividades suplementares — afinador e alquilador de cravos e pianos, mas também vinicultura em Colares e taberna na Rua das Salgadeiras, ou leiloeiro de móveis e pianos usados, dispondo de parelha de animais para aluguer de transporte — como «estratégia de sobrevivência» ou almofada económica em períodos maus. Noutro sentido, os filhos de José da Cruz Antunes I (1767-1845) fizeram casamentos que lhes proporcionaram «ligação a outros contextos profissionais e a manutenção de um estatuto social privilegiado». Mas também é consequência dum corpo de leis profissionais, regimentos e posturas da cidade, por exemplo quanto ao período e distinto estatuto de aprendiz, jornaleiro e mestres, respectivos exames (ou contornos da lei).
O capítulo «Instrumentos sobreviventes das oficinas Antunes» é um dos mais curiosos do livro e dos mais desanimadores. O cravo de 1758, classificado como Tesouro Nacional, precede do Convento dos Cardeaes, onde foi descoberto por Michel’angelo Lambertini nos inícios do século passado, esteve de 1931-45 a 1971 no Museu Instrumental do Conservatório de Lisboa, passou pela Biblioteca Nacional mas só em 1987 foi objecto de restauro na casa alemã Neupert, em Bamberg, que o tornou «instrumento de eleição dos cravistas para execução de composições coevas». O pianoforte de 1767, pertencente a um convento próximo de Lisboa, foi resgatado às hastas públicas de 1834 pelo luthier e professor de música Ernesto Victor Wagner, pertenceu ao magnata Monteiro dos Milhões e seus herdeiros até 1990, acabando vendido ao National Music Museum dos Estados Unidos da América pela inglesa Sotheby’s — e por «uma verdadeira pechincha», nas palavras do professor de Oxford Jeremy Montagu. O cravo de 1785, adquirido pela família O’Neill em 1834 para a sua Quinta do Pinheiro, também passou pela leiloeira londrina em 1985, indo para um museu que o restaurou dois anos depois e revendeu a um anónimo norte-americano em 2016. O cravo de 1789 — pertencente ao Museu Nacional da Música, e de teclado extenso e decoração do tampo harmónico sui generis — aguarda ainda «a monografia pormenorizada e uma restauração completa por quem percebe de instrumentos de tecla ibéricos, ou seja latinos»que o também esquecido Santiago Kastner (1908-92) recomendou ao Conservatório Nacional na década de 1970.
24/06/2019
23/06/2019
Auguste Rodin identificado em quadro que estava catalogado como um retrato do Imperador Leopoldo II
De visita ao Museu Lázaro Galdiano (Madrid), Luís Pastor olhou para um retrato e para a respetiva identificação e concluiu que estava incorreta. Reconhecia o homem de longas barbas e olhos claros pintado de perfil na miniatura de 12,7 x 9,8 cm - e não era o Imperador da Bélgica Leopoldo II (1835-1909), como estava identificado. Pastor reconheceu de imediato que era um retrato do escultor Auguste Rodin (1840-1917). Foi pesquisar fotos de Leopoldo II e considerou que são realmente parecidos, mas aquele quadro não era o retrato do Imperador Leopoldo II.
A obsessão de Luis Pastor passou a ser outra e depois de ter aprofundado as suas pesquisas e conversas com historiadores de arte e restauradores, anunciou ao Museu a sua descoberta, no Twitter.: «Desculpem ser chato, mas acho que é Auguste Rodin quem está na miniatura 1 que está na sala de miniaturas. Não só é muito semelhante como partilha a mesma cor do olhos.» Noutra mensagem, demonstra que Leopoldo II tem olhos mais escuros e nas poucas fotos que encontrou com cor são em tom mais mel. A resposta dos responsáveis do Museu Lázaro Galdiano chegou dois dias depois. «Já temos um veredito definitivo: após numerosas análises comparativas com retratos de ambas as personagens, a miniatura, com o número de inventário 3711, passa a ser o retrato do escultor Auguste Rodin. Muito obrigado a Luis Pastor pela descoberta!», responderam, também no Twitter.
A obsessão de Luis Pastor passou a ser outra e depois de ter aprofundado as suas pesquisas e conversas com historiadores de arte e restauradores, anunciou ao Museu a sua descoberta, no Twitter.: «Desculpem ser chato, mas acho que é Auguste Rodin quem está na miniatura 1 que está na sala de miniaturas. Não só é muito semelhante como partilha a mesma cor do olhos.» Noutra mensagem, demonstra que Leopoldo II tem olhos mais escuros e nas poucas fotos que encontrou com cor são em tom mais mel. A resposta dos responsáveis do Museu Lázaro Galdiano chegou dois dias depois. «Já temos um veredito definitivo: após numerosas análises comparativas com retratos de ambas as personagens, a miniatura, com o número de inventário 3711, passa a ser o retrato do escultor Auguste Rodin. Muito obrigado a Luis Pastor pela descoberta!», responderam, também no Twitter.
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Retrato de Auguste Rodin no Museu Lázaro Galdiano (Madrid), 12,7x9,8 cm |
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Fotografia de Auguste Rodin, 1902 |
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Imperador Leopoldo II da Bélgica |
22/06/2019
Descoberto quadro inédito de Delacroix - exposto em Paris na Galerie Mendes
Foi descoberto um quadro inédito do pintor Delacroix, que antecede a famosa pintura Femmes d'Alger dans leur appartement (Museu do Louvre).
Foi a grande exposição patente no Louvre durante o ano passado, sobre a obra de Eugène Delacroix (1798-1863), o pintor do Romantismo francês, que começou por levantar questões à atual proprietária do quadro. Depois de uma vida inteira com esta obra pendurada no escritório, que tinha sido adquirida pelo seu pai, interrogou-se sobre as duas mulheres em poses e vestes exóticas.
E foi aqui que entrou o galerista luso-descendente Philippe Mendes, que fez parte da equipa científica do Museu do Louvre. Analisou o quadro porque, pictorialmente, esteticamente e artisticamente, estava tudo como um Delacroix. Com essa íntima convicção, iniciou estudos históricos e artísticos.
A composição original do Femmes d'Alger dans leur appartement representa quatro mulheres e pensava-se que tivesse sido pintado logo após ou ainda durante uma curta estadia de Delacroix na capital argelina. Este quadro foi apresentado com estrondo no salão de 1834 e marca um dos períodos mais interessantes do artista. Já o quadro apresentado a Philippe Mendes consistia apenas em duas mulheres, mas com traços muito próximos do quadro mais conhecido. O galerista decidiu avançar com uma limpeza e com uma radiografia, descobrindo finalmente que o que tinha em mãos era um esboço detalhado do que viria a ser uma das obras-primas de Delacroix. O processo de autenticação demorou cerca de ano e meio. Mesmo não estando assinado, os traços, as cores, assim como a tela usada e o reposicionamento da composição mostram que o quadro descoberto é mesmo um Delacroix, mudando também a narrativa da viagem do pintor. Este será o quadro original, em que Delacroix fez o retrato das mulheres que mais tarde utilizaria na grande tela. Para o galerista o quadro «é uma coisa rápida, lembra-se daquilo, vê a cena e pinta. Tem um brilho incrível. Tal como diz uma das especialistas que consultámos, o quadro não é um estudo. É o retrato de uma das mulheres".
Havia registo de um Delacroix na coleção do Conde Mornay, diplomata e amigo do pintor, que se pensou até há pouco tempo ser uma versão tardia do Femmes d'Alger dans leur appartement. No entanto, o número do leilão atribuído a esta obra aquando a venda da coleção foi 118, e o quadro de Philippe Mendes tem essa marca 118, provando assim a sua proveniência.
Esta descoberta tem agitado o mundo da arte e a corrida está aberta para a compra do quadro. O galerista assegura que está em conversações com pelo menos quatro grandes museus norte-americanos, assim como também há interesse por parte do Louvre de Abu Dhabi, para a aquisição desta obra de Delacroix. Sem desvendar valores da compra, Philippe Mendes avança só que o custo dos seguros para expor o quadro é imenso e de modo a proteger esta obra, o quadro passará as noites num cofre e será trazido todas as manhã para a galeria. O quadro de Delacroix será apresentado na galeria Mendes, com um catálogo de cerca de cem páginas, redigido por um grupo de especialistas que atestam a autenticidade da obra, na sequência de realização de várias análises científicas.
Delacroix é o pintor do Romantismo francês, o autor da pintura de referência da Revolução Francesa, La liberté guidant le peuple e de quadros como L'orpheline au cimetière ou Les Fanatiques de Tanger.
Foi a grande exposição patente no Louvre durante o ano passado, sobre a obra de Eugène Delacroix (1798-1863), o pintor do Romantismo francês, que começou por levantar questões à atual proprietária do quadro. Depois de uma vida inteira com esta obra pendurada no escritório, que tinha sido adquirida pelo seu pai, interrogou-se sobre as duas mulheres em poses e vestes exóticas.
E foi aqui que entrou o galerista luso-descendente Philippe Mendes, que fez parte da equipa científica do Museu do Louvre. Analisou o quadro porque, pictorialmente, esteticamente e artisticamente, estava tudo como um Delacroix. Com essa íntima convicção, iniciou estudos históricos e artísticos.
A composição original do Femmes d'Alger dans leur appartement representa quatro mulheres e pensava-se que tivesse sido pintado logo após ou ainda durante uma curta estadia de Delacroix na capital argelina. Este quadro foi apresentado com estrondo no salão de 1834 e marca um dos períodos mais interessantes do artista. Já o quadro apresentado a Philippe Mendes consistia apenas em duas mulheres, mas com traços muito próximos do quadro mais conhecido. O galerista decidiu avançar com uma limpeza e com uma radiografia, descobrindo finalmente que o que tinha em mãos era um esboço detalhado do que viria a ser uma das obras-primas de Delacroix. O processo de autenticação demorou cerca de ano e meio. Mesmo não estando assinado, os traços, as cores, assim como a tela usada e o reposicionamento da composição mostram que o quadro descoberto é mesmo um Delacroix, mudando também a narrativa da viagem do pintor. Este será o quadro original, em que Delacroix fez o retrato das mulheres que mais tarde utilizaria na grande tela. Para o galerista o quadro «é uma coisa rápida, lembra-se daquilo, vê a cena e pinta. Tem um brilho incrível. Tal como diz uma das especialistas que consultámos, o quadro não é um estudo. É o retrato de uma das mulheres".
Havia registo de um Delacroix na coleção do Conde Mornay, diplomata e amigo do pintor, que se pensou até há pouco tempo ser uma versão tardia do Femmes d'Alger dans leur appartement. No entanto, o número do leilão atribuído a esta obra aquando a venda da coleção foi 118, e o quadro de Philippe Mendes tem essa marca 118, provando assim a sua proveniência.
Esta descoberta tem agitado o mundo da arte e a corrida está aberta para a compra do quadro. O galerista assegura que está em conversações com pelo menos quatro grandes museus norte-americanos, assim como também há interesse por parte do Louvre de Abu Dhabi, para a aquisição desta obra de Delacroix. Sem desvendar valores da compra, Philippe Mendes avança só que o custo dos seguros para expor o quadro é imenso e de modo a proteger esta obra, o quadro passará as noites num cofre e será trazido todas as manhã para a galeria. O quadro de Delacroix será apresentado na galeria Mendes, com um catálogo de cerca de cem páginas, redigido por um grupo de especialistas que atestam a autenticidade da obra, na sequência de realização de várias análises científicas.
Delacroix é o pintor do Romantismo francês, o autor da pintura de referência da Revolução Francesa, La liberté guidant le peuple e de quadros como L'orpheline au cimetière ou Les Fanatiques de Tanger.
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Delacroix, quadro descoberto em 2019 exposto na Galerie Mendes |
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Delacroix, Femmes d'Alger dans leur appartement, 1834 (museu do Louvre) |
20/06/2019
Villa Cardilio: transferência das atribuições da DGPC para o município de Torres Novas
Foi ratificado o despacho que aprovou o acordo de colaboração para a valorização das Ruínas Romanas de Villa Cardilio que define as condições de transferência para o município de Torres Novas das atribuições da Direção Geral do Património Cultural (DGPC), designadamente a elegibilidade enquanto entidade beneficiária para intervenções.
Considerando que a Villa Cardilio é um elemento com elevado valor patrimonial, classificada como monumento nacional, que carece de uma intervenção de conservação condicente com este estatuto, sob pena de se acentuar o grau de risco de degradação, o Estado, através da DGPC, celebra com o Município de Torres Novas este acordo visando as necessárias intervenções de valorização
O custo da empreitada está estimado em 392.200,00 euros (IVA incluído), dos quais 332.352,94 euros correspondem a investimento elegível, que será comparticipado pelo FEDER em 85% no valor máximo de 282.500,00 euros, no âmbito do Programa Operacional Centro 2020. O montante remanescente, não suportado por fundos comunitários, será suportado pela DGPC e pelo Município de Torres Novas, na mesma proporção. O Município assegurará ainda o pagamento do levantamento fotogramétrico (4999,00 euros + IVA) e da prospeção geofísica do sítio (15 000,00 + IVA).
Considerando que a Villa Cardilio é um elemento com elevado valor patrimonial, classificada como monumento nacional, que carece de uma intervenção de conservação condicente com este estatuto, sob pena de se acentuar o grau de risco de degradação, o Estado, através da DGPC, celebra com o Município de Torres Novas este acordo visando as necessárias intervenções de valorização
O custo da empreitada está estimado em 392.200,00 euros (IVA incluído), dos quais 332.352,94 euros correspondem a investimento elegível, que será comparticipado pelo FEDER em 85% no valor máximo de 282.500,00 euros, no âmbito do Programa Operacional Centro 2020. O montante remanescente, não suportado por fundos comunitários, será suportado pela DGPC e pelo Município de Torres Novas, na mesma proporção. O Município assegurará ainda o pagamento do levantamento fotogramétrico (4999,00 euros + IVA) e da prospeção geofísica do sítio (15 000,00 + IVA).
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Villa Cardílio - Torres Novas |
19/06/2019
Museu das Descobertas - Exposição no Museu Nacional de Arte Antiga
O efeito transfigurador que o museu tem sobre o visitante é consequência de um mundo insuspeito de saberes, aplicados no contínuo trabalho de preservar, estudar e comunicar dissipando engano e dúvida. O museu existe para proporcionar uma experiência pessoal a quem o visita, fruto daquela que desenvolvem os que nele trabalham, dia após dia.
A experiência do museu assenta no ato magnético e muito pessoal da contemplação, e esta, por seu turno, origina-se no valor insubstituível do objeto como testemunho intemporal e redentor da capacidade criadora humana.
Ao Museu Nacional de Arte Antiga pareceu oportuno levar a cabo a organização do presente projeto, abrigado sob a designação provocadora de Museu das Descobertas, num tempo que assiste a uma renovada atualidade do conceito de museu, amplamente ilustrada na febre constitutiva de novas instituições.
A Exposição está a decorrer entre 31 de maio e 29 de setembro de 2019.
A experiência do museu assenta no ato magnético e muito pessoal da contemplação, e esta, por seu turno, origina-se no valor insubstituível do objeto como testemunho intemporal e redentor da capacidade criadora humana.
Ao Museu Nacional de Arte Antiga pareceu oportuno levar a cabo a organização do presente projeto, abrigado sob a designação provocadora de Museu das Descobertas, num tempo que assiste a uma renovada atualidade do conceito de museu, amplamente ilustrada na febre constitutiva de novas instituições.
A Exposição está a decorrer entre 31 de maio e 29 de setembro de 2019.
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Exposição Museu das Descobertas - Museu Nacional de Arte Antiga |
O quadro «Judite e Holofernes» de Caravaggio vai a leilão
A obra deverá entrar no mercado por um valor mínimo de 30 milhões de euros, mas espera-se que o preço final supere os 100 milhões de euros.
Judite e Holofernes, datado de 1607, desapareceu em 1617 e a sua existência tem sido comprovada por cartas entre comerciantes e pelo testemunho da época do pintor Louis Finson (1580-1617), amigo e agente de Caravaggio (1571-1610).
Marc Labarbe, proprietário da casa de leilões, localizou a obra, em bom estado de conservação, no sótão de um cliente que desconhecia a origem do quadro.
Os especialistas, na avaliação da pintura, consideraram «a qualidade dos traços» como fator determinante da autoria de Caravaggio, ainda que a «autenticidade» tenha levantado algumas dúvidas.
Judite e Holofernes, um quadro de inspiração bíblica que representa a decapitação do general Holofernes, já passou em exposição por Milão, Londres e Nova Iorque, e encontra-se agora em Toulouse.
O Palácio Barberini, em Roma, possui na sua coleção uma pintura anterior de Caravaggio, dedicada ao mesmo tema - Judite decapitando Holofernes -, que se encontra datada de c. 1599, e que constitui um dos mais conhecidos quadros do pintor.
O leilão vai decorrer no dia 27 de junho.
Judite e Holofernes, datado de 1607, desapareceu em 1617 e a sua existência tem sido comprovada por cartas entre comerciantes e pelo testemunho da época do pintor Louis Finson (1580-1617), amigo e agente de Caravaggio (1571-1610).
Marc Labarbe, proprietário da casa de leilões, localizou a obra, em bom estado de conservação, no sótão de um cliente que desconhecia a origem do quadro.
Os especialistas, na avaliação da pintura, consideraram «a qualidade dos traços» como fator determinante da autoria de Caravaggio, ainda que a «autenticidade» tenha levantado algumas dúvidas.
Judite e Holofernes, um quadro de inspiração bíblica que representa a decapitação do general Holofernes, já passou em exposição por Milão, Londres e Nova Iorque, e encontra-se agora em Toulouse.
O Palácio Barberini, em Roma, possui na sua coleção uma pintura anterior de Caravaggio, dedicada ao mesmo tema - Judite decapitando Holofernes -, que se encontra datada de c. 1599, e que constitui um dos mais conhecidos quadros do pintor.
O leilão vai decorrer no dia 27 de junho.
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Caravaggio, Judite e Holofernes, 1607 |
Fra Angelico no Museu do Prado
Um artista com uma técnica exímia que gostava de experimentar. Um homem que escolheu a vida religiosa e que pregou pintando. Fra Angelico e os seus contemporâneos estão em Madrid e com eles está um tempo novo a que se chamou Renascimento. No Museu do Prado, até 15 de Setembro.
A mostra aborda os inícios do Renascimento florentino em torno a 1420 e 1430, com especial destaque para a figura do pintor Fra Angelico, um dos grandes mestres deste movimento.
Fra Angelico (1390 – 1455) foi o autor das primeiras grandes obras artísticas realizadas em Florença durante este período, juntamente com os pintores Massaccio (1401-1428), Masolino (1383-1447), Uccello (1397-1475) e Filippo Lippi (1406-1469), os escultores Ghiberti, Donatello (1386-1466) e Nanni di Banco (1385-1421), e o arquiteto Brunelleschi (1377-1446).
O pintor e frade dominicano nasceu em Florença em 1390, sendo batizado Guido di Pietro da Mugello. Homem de extraordinária devoção, o artista ficou conhecido como Fra Angélico pela sua temática religiosa e pela serenidade que transmitem as personagens das suas obras. Mais de cinco séculos depois do seu falecimento, em 1455, Fra Angelico foi beatificado por João Paulo II em 1982.
A Anunciação será a obra central desta exposição, que reunirá também outras duas pinturas de Fra Angelico recentemente incorporadas à coleção do museu: o Funeral de Santo António Abade e a Virgem de Granada, ambas procedentes das coleções do duque de Alba.
A mostra aborda os inícios do Renascimento florentino em torno a 1420 e 1430, com especial destaque para a figura do pintor Fra Angelico, um dos grandes mestres deste movimento.
Fra Angelico (1390 – 1455) foi o autor das primeiras grandes obras artísticas realizadas em Florença durante este período, juntamente com os pintores Massaccio (1401-1428), Masolino (1383-1447), Uccello (1397-1475) e Filippo Lippi (1406-1469), os escultores Ghiberti, Donatello (1386-1466) e Nanni di Banco (1385-1421), e o arquiteto Brunelleschi (1377-1446).
O pintor e frade dominicano nasceu em Florença em 1390, sendo batizado Guido di Pietro da Mugello. Homem de extraordinária devoção, o artista ficou conhecido como Fra Angélico pela sua temática religiosa e pela serenidade que transmitem as personagens das suas obras. Mais de cinco séculos depois do seu falecimento, em 1455, Fra Angelico foi beatificado por João Paulo II em 1982.
A Anunciação será a obra central desta exposição, que reunirá também outras duas pinturas de Fra Angelico recentemente incorporadas à coleção do museu: o Funeral de Santo António Abade e a Virgem de Granada, ambas procedentes das coleções do duque de Alba.
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Fra Angelico, A Anunciação, Ouro e têmpera sobre madeira. 194 x 194 cm |
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Fra Angelico, Funeral de Santo António Abade, Têmpera sobre madeira de choupo, 19,7 x 29,3 cm |
18/06/2019
Fialho de Almeida descreve quadro de Silva Porto
«Abanco em frente do grande quadro de carneiros que passa por ser uma das coisas capitais de Silva Porto: bocado de dois metros, onde, por uma azinhaga esboroenta dos calores de agosto, vem uns carneiros, um burro e um pastor. Na barreira da esquerda há uns silvados, piteiras à direita, e acima desta uma oliveira ferrugenta comida pela poeira, queimada dos ardores do sol e pondo uma silhueta doente, hostil, num céu de trovoada. Toda a figuração da cena é escrupulosamente composta do modelo, é tão autêntica a poeira do fundo que uma pessoa a chegar-se e a ficar com o casaco branco dela. Pode-se estudar também cada acessoriozinho, da pintura, está tudo exato, no seu lugar, com uma factura tão nítida, e uma consciência do minúsculo por tal forma escrupulosa que é impossível destrinçar na lã dos carneiros fios que não seja pura lã, e na ramada das silvas folha que não tenha sido vista ao microscópio.
Fotografa-se agora a tela e tão exata é a cópia que pelo cliché não há meio de apurar se a máquina apontava a um quadro, ou se visou realmente uma cena natural.»
(Fialho de Almeida, 1893)
Fotografa-se agora a tela e tão exata é a cópia que pelo cliché não há meio de apurar se a máquina apontava a um quadro, ou se visou realmente uma cena natural.»
(Fialho de Almeida, 1893)
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Fado - uma tela de Malhoa
Na penumbra de um quarto de meretriz, entre o vinho e o fado, Adelaide e o tocador Amâncio cantam a sua tristeza. A tela apresenta uma composição cenográfica atenta, cheia de pormenores como os quadros dos santinhos na parede, a cómoda com toalha de ramagens vermelhas e outra de crochet por cima, o vaso de manjerico, o toucador de espelho partido, o pente e, no próprio fadista, a «beata» na orelha.
Durante quatro meses o pintor percorreu os bairros de Alfama, Mouraria e Bairro Alto, em busca de modelos, tentando inteirar-se do ambiente. Retrata os seus inícios obscuros e marginais do fado, o que remete a pintura para uma temática do realismo.
Durante quatro meses o pintor percorreu os bairros de Alfama, Mouraria e Bairro Alto, em busca de modelos, tentando inteirar-se do ambiente. Retrata os seus inícios obscuros e marginais do fado, o que remete a pintura para uma temática do realismo.
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José Malhoa, Fado, 1910, óleo sobre tela, 150x183 cm. |
As pinturas de Carlos Reis no Museu Municipal de Torres Novas
As 26 obras de Carlos Reis expostas no Museu Municipal de Torres Novas, que ostenta o seu nome como patrono, são exemplificativas da dupla qualidade de paisagista e retratista. Em exposição permanente estão 23 pinturas que abrangem os géneros: paisagem (9), costumes (9), retrato (5).
Carlos Reis nasceu em Torres Novas a 21 de Fevereiro de 1863. Fez a instrução primária nesta cidade e, em 1881, fez a sua inscrição na Escola de Belas Artes de Lisboa. Concluiu o curso em 1889 e obteve do Estado uma bolsa de estudo que lhe permitiu seguir para Paris para frequentar a Escola de Belas Artes e os ateliers de mestres conceituados. Em 1897, já em Portugal, toma posse da cadeira de Paisagem na Escola de Belas Artes de Lisboa, onde inicia uma longa carreira docente e é jubilado e nomeado professor honorário em 1933.
Profundamente influenciado pela corrente naturalista, nomeadamente prolongando a lição da escola de Barbizon, nomeadamente de Corot (1796-1875) e Daubigny (1817-1878), foi um pintor notável pela sua aptidão para transmitir luminosidades. É autor de numerosos quadros, alguns de grandes dimensões, como os painéis decorativos da Sala de Baile do Hotel do Buçaco e um retrato de D. Carlos, que se encontra no paço de Vila Viçosa. Outra obra de relevo encontra-se na Sala do Senado do Palácio de S. Bento. Pintou também retratos da realeza e nobreza contemporânea, bem como cenas da vida quotidiana do povo português nos seus aspectos típicos, bodas e festas. São disso exemplo, «Uma Saúde aos Noivos», a «Talha Vidrada» e o «Primeiro Filho». A sua pintura, cheia de luz e cor, é sobretudo inspirada na natureza, como se pode admirar por exemplo, em «Raios de Sol Ardente» e «Pôr-do-Sol». É também considerado o mágico do branco, para comunicar as transparências da luz como as de «Primeira Comunhão», «Asas e Comungantes».
Exerceu o cargo de director do Museu Nacional de Belas Artes e depois do Museu Nacional de Arte Contemporânea (1911-1914) onde está amplamente representado. Em 1940, ano da sua morte, foi-lhe concedida a Grã-Cruz da Ordem de Santiago e, em 1942, é atribuído o seu nome ao Museu Municipal de Torres Novas.
Carlos Reis nasceu em Torres Novas a 21 de Fevereiro de 1863. Fez a instrução primária nesta cidade e, em 1881, fez a sua inscrição na Escola de Belas Artes de Lisboa. Concluiu o curso em 1889 e obteve do Estado uma bolsa de estudo que lhe permitiu seguir para Paris para frequentar a Escola de Belas Artes e os ateliers de mestres conceituados. Em 1897, já em Portugal, toma posse da cadeira de Paisagem na Escola de Belas Artes de Lisboa, onde inicia uma longa carreira docente e é jubilado e nomeado professor honorário em 1933.
Profundamente influenciado pela corrente naturalista, nomeadamente prolongando a lição da escola de Barbizon, nomeadamente de Corot (1796-1875) e Daubigny (1817-1878), foi um pintor notável pela sua aptidão para transmitir luminosidades. É autor de numerosos quadros, alguns de grandes dimensões, como os painéis decorativos da Sala de Baile do Hotel do Buçaco e um retrato de D. Carlos, que se encontra no paço de Vila Viçosa. Outra obra de relevo encontra-se na Sala do Senado do Palácio de S. Bento. Pintou também retratos da realeza e nobreza contemporânea, bem como cenas da vida quotidiana do povo português nos seus aspectos típicos, bodas e festas. São disso exemplo, «Uma Saúde aos Noivos», a «Talha Vidrada» e o «Primeiro Filho». A sua pintura, cheia de luz e cor, é sobretudo inspirada na natureza, como se pode admirar por exemplo, em «Raios de Sol Ardente» e «Pôr-do-Sol». É também considerado o mágico do branco, para comunicar as transparências da luz como as de «Primeira Comunhão», «Asas e Comungantes».
Exerceu o cargo de director do Museu Nacional de Belas Artes e depois do Museu Nacional de Arte Contemporânea (1911-1914) onde está amplamente representado. Em 1940, ano da sua morte, foi-lhe concedida a Grã-Cruz da Ordem de Santiago e, em 1942, é atribuído o seu nome ao Museu Municipal de Torres Novas.
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Carlos
Reis, Asas, s.d., Museu Municipal Carlos Reis
(Torres Novas)
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Carlos Reis, Talha Vidrada, Museu Municipal Carlos Reis (Torres Novas) |
A Sagrada Família será terminada
A Sagrada Família, uma das obras
mais conhecidas da cidade de Barcelona, recebeu a licença para que as suas
obras de construção sejam terminadas, isto 137 anos depois da primeira pedra da
basílica ter sido ali colocada.
A basílica da Sagrada Família
começou a ser construída em 1882. Com um estilo neogótico desenhado pelo
arquiteto Francisco de Paula del Villar y Lorazo, Gaudí avançou com o seu olhar
único para o projeto depois de Francisco se ter reformado. A igreja rapidamente
se tornou a obra-prima do artista catalão. Gaudí supervisionou as obras entre
1882 e junho de 1926, data em que faleceu e foi sepultado na capela da Sagrada
Família. As obras nunca chegaram a ser concluídas, apesar de continuarem a
decorrer aos poucos e de já se ter passado quase um século desde a morte do
artista.
É, até hoje, um dos monumentos
turísticos mais concorridos em Espanha, com 4,5 milhões de visitas anuais ao
seu interior e cerca de 20 milhões que a admiram de fora. Em 2013, o arquiteto
responsável por completar projeto de Gaudí dizia que, se o ritmo continuasse
assim, estará concluído em 2026.
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Sagrada Família, Barcelona, 1882-1926 |
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