Em novembro foram descobertos, na Igreja de Santa Maria do Castelo, frescos de finais do século XV, inícios do século XVI. Estavam escondidos debaixo dos azulejos que decoram a igreja. A câmara quer agora retirar todos os azulejos de uma das paredes para poder dar uma nova vida ao espaço. Quando se entra no Castelo de Abrantes, a Igreja de Santa Maria do Castelo, ao cimo, o que nos salta à primeira vista é o seu portal gótico e a vista privilegiada sobre a cidade. Está classificada como monumento nacional desde 1910. Nas paredes laterais da capela-mor da igreja, que abriga o Museu Regional D. Lopo de Almeida, o primeiro conde de Abrantes, estão os túmulos deste e do seu pai D. Diogo de Almeida. À volta dos túmulos apenas azulejos do século XVI e em cima uma pintura que evoca os símbolos heráldicos dos Almeida — uma espécie de barril a explodir. Ao perceber que havia uma pintura por baixo dos azulejos e que esta não estava picada, os técnicos pediram então autorização à tutela para remover umas fileiras de azulejos de forma a perceber realmente o que estava por baixo. Apareceram pinturas figurativas que parecem representar figuras de profetas com excertos de textos alusivos a temas de morte e ressurreição. Tema que se adequa plenamente a este espaço, transformado em capela-funerária, ou mesmo panteão, dos Almeidas. Esta descoberta não é uma inteira novidade, uma vez que há muito tempo que a igreja tem à vista pinturas a fresco no arco triunfal e na capela-mor, na parede do fundo e nas partes altas das paredes laterais. Adivinhava-se que algo mais existia, mas pensava-se que seria uma simples continuação do mesmo padrão heráldico que está visível na parte alta das paredes. Estas pinturas reforçam ainda as ligações a um conjunto que seguem os mesmos modelos, feitas na mesma época, visíveis no Paço de Sintra, na Igreja de S. Francisco de Leiria, na Igreja de S. Leonardo na Atouguia da Baleia e em mais alguns locais. Identificar o autor das pinturas é que pode ser mais difícil. “Na pintura mural muito pouca coisa ficava registada, podemos apenas comparar com outros exemplos da zona e da época”, diz Alice Cotovio. A intenção da câmara é que na igreja deixe de funcionar o Museu Regional D. Lopo de Almeida e transformar aquele espaço no Panteão dos Almeidas.
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Igreja de Santa Maria do Castelo em Abrantes |
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Frescos datados do século XV na Igreja de Santa Maria do Castelo |
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