Sabe-se que a Terra é redonda desde a antiguidade. Os gregos, não só
reconheceram a forma esférica da Terra desde, pelo menos, o século
III a.C., mas também fizeram várias estimativas do seu tamanho. A mais
antiga referência que conhecemos é de Arquimedes (287 – 212 a.C.),
segundo o qual o perímetro da Terra pode ser estimado através da
distância entre dois lugares situados no mesmo meridiano e da respectiva
diferença de latitudes. Mas a mais célebre determinação foi a
realizada pelo geógrafo Eratóstenes (276-196 a.C.), que terá comparado a
inclinação dos raios solares ao meio-dia, em dois lugares situados no
mesmo meridiano para, juntamente com a distância entre eles, deduzir o
valor do raio da Terra. O princípio do processo, muito simples, é
idêntico ao de Arquimedes e a exactidão do resultado só depende da
qualidade das observações. Se dois lugares situados no mesmo meridiano
estão à distância d entre si e têm uma diferença de latitudes α, então o perímetro da Terra é a quantidade p = d x (360°/α) e o seu raio será R = p/(2 π).
Eratóstenes estimou o raio da Terra em 5000 estádios, valor considerado
pelos historiadores como uma excelente aproximação. No entanto, para se
saber quão próximo estaria do valor correcto seria necessário conhecer a
medida do estádio utilizado, matéria ainda hoje objecto de discussão.
Passados cerca de 300 anos, Ptolomeu de Alexandria (90-168) escreveu o seu importante manual Geografia (150, traduzida para árabe no séc. IX e para latim em 1406),
onde não só a Terra é apresentada como uma esfera, mas também se mostra
como a representar no plano, através das coordenadas geográficas dos
seus lugares e de três projecções cartográficas criadas por si. Na época
de Ptolomeu, o mundo conhecido era composto por três continentes – a
Europa, a África e a Ásia – que ocupavam, segundo a Geografia,
cerca de um quarto da superfície terrestre. Tudo o resto era
desconhecido dos ocidentais e objecto de especulação. No entanto, a
importância prática da forma da Terra era nula e a única razão que
levava académicos como Ptolomeu a ocuparem-se da matéria era pura
curiosidade intelectual.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Comenta as notícias