Todos as descobertas, considerações e transcrições do arqueólogo estão detalhadamente apontadas nos 158 cadernos. O primeiro número data do ano 1916 e vai até 1926. A colecção é composta por pequenos livros de apontamentos, tipo moleskines, com capa preta e formato A6. Todos os cadernos são iguais e percorrem quase sete décadas. Na capa está assinalado o número do caderno e o espaço temporal. São milhares de folhas preenchidas por letras miudinhas e desenhos técnicos. «Fotografias» daquilo que José Coelho via. Há desenhos de estações arqueológicas, de brasões, mas também considerações e memórias do seu próprio quotidiano. Uma espécie de «diário» científico e histórico.
Os cadernos são quase como um atcto de reunião dos fragmentos de um mundo antigo. Por vezes são apontamentos muito informais, divertidos, outras vezes são quase uma descrição muito metódica, rigorosa, mesmo obsessiva mas científica daquilo que era o seu trabalho de investigação.
O legado de José Coelho está preservado nos 158 cadernos, mas também nos muitos achados e publicações que foi fazendo ao longo da sua vida. Uma das mais importantes achados da sua autoria foi o marco miliário encontrado em Moselos (Viseu), em 1925, durante uma viagem de campo com os seus alunos. Mas as suas grandes descobertas aconteceram em 1911 com o dólmen de Malmatar de Vale de Fachas e as antas da Pedralta, em Côta. Este último achado esteve na origem de uma grande polémica da arqueologia portuguesa e que colocou José Coelho em rota de colisão com outro arqueólogo da altura, o professor Mendes Correia, da Universidade do Porto. Tudo porque o académico portuense terá insinuado que a descoberta da anta (a primeira que tinha motivos pintados a vermelho) seria da sua autoria. Só mais tarde, e após uma profícua troca de acusações nos jornais da época, é que José Coelho viu-lhe ser reconhecida a autoria
José Coelho era um exímio coleccionador e o homem que tinha uma obsessão pelo património. Era também bastante reivindicativo. Ainda no início do século XX defendeu a realização de um inventário etnológico do concelho. Chegou, inclusive, a publicar em jornais um questionário com esse propósito.
Cadernos de José Coelho |
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