Na cidade de Beja foi descoberta, em junho de 2017, uma necrópole romana com 14 sepulturas e 3 sarcófagos,estas últimas estruturas funerárias raras nesta região, durante os trabalhos de
requalificação da rua que dá acesso à antiga zona industrial da cidade. Estão datados de entre os
séculos II e V da nossa era. Algumas ainda preservam esqueletos com uma
estatura média de 1,60 metros, com excepção de um indivíduo com cerca de
1,80 metros e uma constituição óssea que indicia estar-se perante
alguém que desenvolveu esforços físicos continuados.
No interior
dos sarcófagos, revestidos a placas de mármore com três centímetros de
espessura, não foi encontrado espólio da época romana. No interior das sepulturas e dos
sarcófagos foram encontrados alguns esqueletos
remexidos e revolvidos, presumindo-se que a vandalização da
necrópole tenha ocorrido há muitos séculos. A sua disposição apresenta
enterramentos com os pés virados para Este e cabeça para Oeste, e
encontram-se distanciados entre si de forma regular. A necrópole tem
dois núcleos diferenciados. Num dos sarcófagos pode observar-se
um buraco aberto no tecto da estrutura por onde terá sido consumada a
vandalização dos despojos humanos, pormenor que explicará a ausência de
espólio que geralmente acompanhava a deposição dos corpos na altura do
seu enterramento. Para além do impacto (aluimento de componentes
estruturais) provocado, durante décadas, pelo tráfego de viaturas
pesadas que utilizavam a rua da Lavoura por esta dar acesso a uma zona
industrial de moagem de cereais, algumas das sepulturas e sarcófagos
agora descobertos foram parcialmente destruídos pelas máquinas que
intervieram no talude onde se encontra a
necrópole romana. A área que poderá estar ocupada por enterramentos tem uma extensão
calculada entre quatro a cinco hectares. Da sua existência naquele local
já existem registos que remontam a 1892
. O jornal
O Bejense refere o aparecimento de um marco
funerário no largo da Igreja de Ao Pé de Cruz, a cerca de 300 metros do
local onde agora se descobriu a necrópole romana. Nesse local, foi
identificada uma sepultura coberta interiormente com placas de mármore e
apresentando uma métrica e aparelho construtivo muito semelhante a um
dos sarcófagos agora descobertos. Em 2003, é
a vez da arqueóloga Conceição Lopes identificar, na sua tese de
doutoramento, a existência de uma necrópole romana junto à estação de
caminhos-de-ferro de Beja, nas proximidades da Rua da Lavoura. Mais
recentemente, em 2016, no decurso da requalificação de uma rua que
termina no Largo da Estação, foram identificados alguns restos
osteológicos dispersos.
Alguns elementos do espólio funerário recolhido nas
escavações arqueológicas realizadas na necrópole romana da Rua da
Lavoura em Beja. Todos estes materiais estão em fase de restauro e estudo.
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Esqueleto num dos sarcófagos. |
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Moeda de Vespasiano (71-72 d.C.) - sepultura 5. |
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Boião em vidro (séculos I-II d.C.) - sepultura 20. |
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Copo em vidro (séculos I-II d.C.) - sepultura 20. |
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Skyphos em vidro (séculos I-II d.C.) - sepultura 20. |
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Lucerna (séculos I-II d.C.) - sepultura 20. |
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Pote de barro (séculos I-II d.C.) - sepultura 20. |
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