18/01/2015

Caso do Caravaggio que pode não ser um Caravaggio

O caso começou em 2006, quando o coleccionador Lancelot William Thwaytes pediu à Sotheby’s que leiloasse uma obra que pertencia ao acervo da sua família desde o início da década de 1960. Avaliada a obra, a leiloeira levou-a à praça como sendo uma pintura de um seguidor de Caravaggio (1571-1610), o mestre do barroco italiano, que executou um quadro com o mesmo tema – Jogadores de Cartas (c. 1594), também traduzido como Os Batoteiros – que hoje pertence ao Museu de Arte de Kimbell, no Texas, que tem uma importante colecção de pintura italiana e francesa. Ora acontece que, depois de arrematada por John Denis Mahon (1910-2011), importante coleccionador e historiador de arte especializado no barroco, por 42 mil libras (55 mil euros), a obra foi reanalisada e considerada, afinal, um Caravaggio autêntico. Depois de classificada por Mahon, académico respeitado, e por outros historiadores, como Mina Gregori, foi avaliada em 10 milhões de libras (13 milhões de euros). Considerando que a leiloeira não tinha feito correctamente o seu trabalho no que toca a investigação da autoria da obra, Thwaytes queixou-se ao Supremo Tribunal de Londres em Janeiro de 2013, procurando ser ressarcido, dada a diferença entre o valor atingido em 2006 e o que a pintura passou a ter depois de reatribuída por Mahon a Caravaggio. Agora, o tribunal londrino veio dar razão à leiloeira. Segundo a decisão da juíza, a Sotheby’s “não foi negligente na sua avaliação da pintura” e “tinha todo o direito em confiar no conhecimento e experiência dos seus peritos do departamento de mestres da pintura antiga no que toca à avaliação da qualidade da pintura”. Os especialistas deste departamento decidiram, por unanimidade, que se tratava de uma cópia, e continuam a defender ainda hoje que a pintura que pertencia a Thwaytes não tem a mão de Caravaggio. Neste momento, a pintura está emprestada ao Museu da Ordem de São João, em Clerkenwell, Londres.
Caravaggio
A obra atribuída a Caravaggio pelo historiador de arte Denis Mahon.

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