A oficina de Ateius, em Arretium (Arezzo), era uma das maiores empresas de olaria. Para ele trabalhavam 23 escravos especializados, confirmados pela Epigrafia. Presumivelmente, seriam mais tarde «libertos », depois de concedida a carta de alforria, e, ocasionalmente, formariam uma espécie de associação de que constavam as marcas de Zoilus, Zoe, Xanthai, Prisci, Ras, Hilarius. Dos numerosos oleiros fornecedores da Península Ibérica, naturais de Arezzo, estão documentados Cn. Ateius, P. Cornelius, M. Perennius, Rasinius.
Qual terá sido o percurso desta cerâmica fina, de cor vermelha-acastanhada e polida, que encontraram na cidade romana de Ammaia o seu consumidor final?
Fabricadas na península Itálica no século I d.C., foram encaixotadas e expedidas para a Península Ibérica, certamente, por via marítima. Descarregadas num qualquer porto lusitano, talvez Olisipo (atual Lisboa), talvez Salacia (atual Alcácer do Sal). Em qualquer destes locais conhecemos loiças da oficina de Cneius Ateius. A partir do porto deverá ter sido transportada em carroça ou no dorso de animais, reexpedidas para o interior do território. Diretamente para Ammaia ou, mais provavelmente, para uma qualquer outra cidade de onde, por sua vez, foram reencaminhadas para Ammaia.
A loiça de Ateius é conhecida em Augusta Emerita, a capital da Lusitânia, e é possível que fosse esta cidade o principal pólo de atracção destes artigos. Assim, como poderia ser também o principal centro de redistribuição nestes territórios interiores.
Tantas coisas nos podem dizer estes fragmentos cerâmicos.
Fragmentos cerâmicos de Cneius Ateius descobertos na cidade romana de Ammaia |
Fragmentos cerâmicos de Cneius Ateius descobertos na cidade romana de Ammaia |
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