Entre as obras resgatadas estão várias estatuetas, relevos, máscaras, restos humanos, moedas e um valioso sarcófago com cerca de 2300 anos e que terá sido passado primeiro para o Dubai, antes de ser apreendido em 2009 numa garagem do bairro nova-iorquino de Brooklyn. Apresentará marcas feitas pelos ladrões, que o cortaram em pedaços para poder fazê-lo transportar por um serviço de entrega postal urgente.
O sarcófago, que tem uma inscrição hieroglífica a dizer ‘A dona da casa’, data do período greco-romano e será exposto no novo Grande Museu Egípcio, a abrir em 2018. Além desta peça, entre os objectos recuperados – a maioria pertencentes ao último período do antigo Egipto, cerca de 600 a.C. – destacam-se ainda duas barcas funerárias em madeira feitas entre 2000 e 1.700 a.C., vários relevos esculpidos num templo de pedra datados de cerca de 1070 a.C. a 664 a.C., a máscara de uma múmia, restos humanos mumificados e 65 moedas.
Entretanto, às 135 peças apreendidas nos Estados Unidos juntaram-se outras 240 chegadas de França, segundo informou o Ministério de Antiguidades egípcio. Os objectos foram interceptados pelo serviço de fronteiras do aeroporto internacional Charles de Gaulle de Paris ao longo dos últimos anos e são relativos a vários períodos do antigo Egipto. Entre eles está uma colecção de 50 amuletos em forma de coração, feitos em ónix e mármore, estelas em pedra, estatuetas e anéis. O repatriamento destas obras, recorda o El País, surge na sequência de anos de esforços das autoridades egípcias, que assinaram acordos de colaboração com a maioria dos países ocidentais com o objectivo de impor um maior controle ao comércio ilegal de antiguidades. Em Novembro passado, recorda o diário espanhol, foi assinado um memorando que obriga as instituições americanas, universidades incluídas, a impor novas restrições ao comércio de antiguidades egípcias.
Desde 2011, apesar da instabilidade nacional e de se saber que muitos grupos estão a operar no terreno, é habitual apenas um agente estar encarregue da segurança nocturna de vários hectares de sitios arqueológicos em zonas remotas do Egipto. Uma tarefa impossível. Segundo o Governo deste país do Médio Oriente, desde a queda de Mubarak, mais de quatro mil peças foram tiradas clandestinamente para o estrangeiro. Só uma quarta parte deste espólio terá, até hoje, sido recuperada. Sabendo que, apesar de tudo, as peças roubadas de museus como o Museu de Mallawy, saqueado no verão de 2013, ou o Museu Egípcio do Cairo, assaltado durante a revolução de 2011, são mais fáceis de recuperar: a partir do momento em que são interceptadas o Estado pode facilmente provar a sua propriedade. Já as que estão ainda por identificar e catalogar e dão entrada em colecções privadas são quase impossíveis de recuperar.
Sarcófago com cerca de 2300 anos. |
Barca funerária em madeira datada entre 2000 e 1700 a.C. |
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