Em 2001, Luciano Faggiano estava determinado em abrir uma trattoria no centro histórico de Lecce, cidade localizada no salto da bota que desenha geograficamente Itália. Tudo parecia bem, à excepção de um problema na casa de banho. A sanita devolvia o que devia desaparecer pela canalização do edifício. Com a ajuda de dois dos seus filhos decidiu resolver o problema. De um pequeno buraco para aceder à canalização, Faggiano e os filhos acederam a uma pequena divisão que se escondia debaixo da casa de banho. Incrédulos com o achado continuaram nos dias seguintes a investigar e deparam-se com várias outras divisões e corredores de um mundo cheio de história esquecido durante séculos. O que foi sendo descoberto data de vários séculos, alguns mesmo anteriores ao nascimento de Jesus, como foi o caso de um túmulo messápio, com data estimada do século V antes de Cristo. Durante as escavações foi ainda encontrado um celeiro romano destinado ao armazenamento de grão, bem como aquilo que terá sido a cave de um convento franciscano onde eram preparados os corpos dos mortos. O convento terá sido encerrado entre os séculos XVI e XVII. Foi também descoberto um poço com cerca de dez metros de profundidade, onde é possível ver água vinda do rio Idume.
As primeiras escavações foram feitas sob total secretismo mesmo da própria mulher, com a ajuda dos filhos, mesmo do mais novo, na altura com 12 anos, que amarrado com uma corda à cintura entrava nos espaços mais apertados para dar indicações ao pai e irmãos sobre o que estava por trás de mais uma parede ou buraco. O processo de escavação era ilegal e Faggiano sabia-o mas continuava a escavar e a retirar o entulho nas traseiras do seu carro às escondidas da mulher e dos vizinhos. Faggiano acabou por ser denunciado às autoridades por actividades suspeitas. As obras foram investigadas e canceladas pela polícia, a quem o italiano disse que apenas estava a investigar de onde vinha o problema na canalização. Após um ano de medição de forças com as autoridades, Faggiano acabou por ter autorização para continuar com os trabalhos de reparação dos canos mas sob vigilância. Com o avançar dos trabalhos começaram a emergir pequenos artefactos, divisões e corredores, frescos, pinturas medievais. Na última década, a família restaurou as divisões que foi encontrando sob a supervisão e apoio da Superintendência da Herança Cultural de Taranto e de uma equipa de arquitectos. Actualmente o espaço está aberto ao público como Museu Faggiano, onde estão expostos milhares de artefactos, alguns com mais de 2000 anos.
Museu Faggiano |
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