A intervenção avançou em Setembro com uma equipa de oito pessoas que trabalhou meticulosamente a peça grega do período helénico que representa a deusa da vitória, cuja feitura remonta a cerca de 190 anos antes de Cristo e que assenta numa base em forma de proa de navio. No que à limpeza diz respeito, o objectivo era recuperar "o contraste entre o mármore branco de Paros da estátua e o mármore cinzento da sua base em forma de barco", como tinha explicado o director do Museu do Louvre, Jean-Luc Martinez, na altura em que foi anunciada a intervenção. Antes do restauro, a obra apresentava ainda "alguns problemas de estrutura", que não tinham sido solucionados por um outro restauro, que já remonta a 1934. Segundo Jean-Luc Martinez, a base moderna em betão estava ligeiramente fissurada. Além disso, a equipa de especialistas, apoiados por peritos internacionais, corrigiram ainda umas pequenas falhas que a mármore apresentava já na asa esquerda. Segundo o Wall Street Journal, estas correcções não se conseguem perceber a olho nu mas fazem toda a diferença na estrutura da estátua.
Sendo esta uma das peças mais importantes do Museu do Louvre, visitado em Paris anualmente por cerca de dez milhões de pessoas, esta foi a primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial que a Vitória de Samotrácia foi mexida e a primeira vez que foi restaurada desde que foi instalada na escadaria principal do museu, que está também a ser alvo de um restauro, que deverá ficar concluído em 2015. Ao longo dos dez meses que durou esta operação, os arqueólogos detectaram correcções à estátua que terão sido feitas quando esta foi descoberta no século XIX e que actualmente não seriam permitidas por serem inadequadas como por exemplo um acrescento em gesso na asa direita. No entanto, a equipa optou por não lhes mexer, como um exemplo do gosto naquela época, como explicou ao Le Fígaro, Ludovic Laugier, responsável pelo departamento de antiguidades do Museu do Louvre.
A Vitória de Samotrácia está assim de volta ao seu lugar de destaque no museu mais visitado no mundo mais limpa, mais branca e mais completa.
Vitória de Samotrácia, c. 190 a.C. (Museu do Louvre) |
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