Datado de 1691, o mercado foi o último dos edifícios de apoio à praça-forte de Lagos a ser construído, sobre o que restava de um antigo edifício quatrocentista que servira para venda de escravos, na Praça Infante D. Henrique. O imóvel serviu no século XVII para acomodar o Corpo da Guarda, integrando-se no contexto de racionalização dos recursos e de especialização dos espaços que deu origem à Oficina do Espingardeiro (ex-Quartel da Coroa) e ao vizinho Armazém Regimental.
"Trata-se de um monumento de grande impacto urbanístico e um dos mais emblemáticos da cidade, constituindo-se em vértice da principal praça de Lagos", segundo a portaria. O texto refere, ainda, que o local testemunha a "umbilical" ligação da cidade "à empresa dos Descobrimentos e cristaliza, até à actualidade, a memória do local onde se instalou o provável primeiro mercado de escravos da Europa quatrocentista". "Para além do seu inegável valor histórico, o edifício detém elevada qualidade arquitectónica, concretizada no traçado racional, erudito e simétrico, e na harmoniosa composição de volumes da sua estrutura maneirista", conclui.
A partir de 1444, Lagos passou a receber todos os anos carregamentos regulares de escravos, que eram normalmente capturados em razias ou adquiridos por troca na costa ocidental de África. Utilizados em trabalhos pesados e em tarefas domésticas, os escravos africanos, a partir de então, passaram a fazer parte da paisagem humana portuguesa, que marcarão de forma profunda.
Edifício do mercado de escravos em Lagos (1691) |
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