Pinturas murais do século XV e uma torre islâmica do século IX foram encontradas no castelo de Abrantes, "achados únicos" que resultaram de trabalhos arqueológicos ali realizados e que vão permitir "reescrever a história" da cidade. Estes achados, que incluem, entre outros, ossadas junto de um possível templo em honra do deus Mercúrio, moedas e munições para canhões dos tempos napoleónicos, vão permitir perceber melhor e ajudar a reescrever a história de Abrantes. As escavações arqueológicas, feitas no âmbito da terceira campanha de escavações aprovada em 2013 pela Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC), decorreram nos meses de Junho e Julho, e tinham por objectivo obter informações sobre a ocupação proto-histórica, romana e islâmica, bem como conhecer as obras de fortificação da Idade Moderna, em trabalhos multidisciplinares desenvolvidos pelas equipas de arqueologia e património da Câmara de Abrantes e do projecto do Museu Ibérico de Arqueologia e Arte (MIAA).
As "pinturas raras" encontradas no interior da Capela da Igreja de Santa Maria do Castelo, templo quatrocentista classificado como Monumento Nacional localizado no interior da fortificação, (local onde D. João I reuniu o Conselho de Guerra a 6 de Agosto de 1385 para a Batalha de Aljubarrota), foram datadas como sendo da primeira metade do século XV pelos investigadores do Laboratório Hércules, e apresentam afinidades estilísticas com a pintura de S. Francisco de Leiria e a da capela do Palácio da Vila, em Sintra. As pinturas são das mais antigas que existem em Portugal em termos de pintura mural porque datam do século XV. São frescos em excelente estado de conservação, localizados na parede esquerda do altar-mor, por detrás do túmulo de D. Lopo de Almeida, permitindo perceber a continuidade da decoração mural.
Outra descoberta foi a confirmação e localização de uma torre islâmica em tijolo de adobe, um reforço defensivo das torres islâmicas, edificada dentro do que é hoje o castelo de Abrantes, junto da muralha proto-histórica. Esta torre permite perceber que os muçulmanos estiveram aqui, não só de passagem, mas o tempo suficiente, algures entre o século IX e XI, para terem construído estruturas defensivas na passagem do Tejo. Este é o local mais interior do país com uma torre deste género, feita com barro, material muito perecível, e existem muito poucas em Portugal.
Os recentes achados arqueológicos no interior e nas imediações do castelo de Abrantes deram um novo impulso à ideia da autarquia de construir um modelo de regeneração urbana com base num "centro cultural a céu aberto".
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